Por Altamiro Borges
Na semana passada, o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire, foi o grande xodó da mídia. Ele brilhou nas telinhas da tevê e ganhou generosos espaços nos jornais. O motivo da fama é que ele liderou o movimento pela apuração das denúncias requentadas da Veja contra Lula. Junto com os tucanos Álvaro Dias e Aloysio Nunes, ele protocolou na Procuradoria-Geral da República uma representação solicitando abertura de inquérito para apurar o envolvimento do ex-presidente no chamado “mensalão do PT”.
Nem o DEM ingressou nesta aventura golpista, que tem como base as pretensas denúncias do publicitário Marcos Valério feitas à Veja. No próprio PSDB houve divergências. O partido não assinou formalmente a representação e o senador Aécio Neves criticou a iniciativa de seus pares de bancada. Mesmo assim, o vaidoso Roberto Freire, que manda e desmanda no PPS, não vacilou na sua sanha de falso moralista. Desta forma, o ex-comunista, que no passado presidiu o PCB, tenta se cacifar como o novo líder udenista da direita nativa.
Aliado do PSDB e neoliberal convertido
A guinada direitista de Roberto Freire já vem de há muito tempo. Com a débâcle do bloco soviético, ele liderou a ala social-democrata de direita da legenda. Em 1989, ele disputou as eleições presidenciais, obtendo 769 mil votos (quase 1% da votação), o que lhe deu prestígio no interior do PCB. Já em 1992, ele patrocinou um golpe congressual, tentou a extinguir a sigla e fundou o Partido Popular Socialista (PPS). A partir daí, o ex-comunista virou um aliado fervoroso do PSDB e um defensor intransigente dos dogmas neoliberais.
Roberto Freire teve papel de destaque no triste reinado de FHC, abandonando totalmente seu passado político de esquerda. Defendeu as privatizações das estatais, a flexibilização dos direitos trabalhistas e outras medidas impopulares impostas pelo grão-tucano. O falso moralista não criticou os escândalos de corrupção no governo FHC, como na privataria e na compra de votos para a reeleição. Passou a ser um inimigo declarado e rancoroso de Lula, o líder operário que chegaria à presidência da República nas eleições de 2002.
Iniciado o novo ciclo político no país, o PPS definhou e perdeu representatividade. Dos 308 prefeitos eleitos em 2004, despencou para 138 em 2008 e para 123 em outubro último. Também perdeu 298 vereadores nestas eleições. O partido está em crise e há indícios de que estuda a possibilidade de fusão com o PSDB ou a simples extinção da sigla. É neste cenário de dificuldades que Roberto Freire tenta sobreviver politicamente com um discurso udenista raivoso, que beira o golpismo.
O falso moralismo do chefão do PPS
O falso moralismo, porém, não resiste aos fatos. Roberto Freire tem o telhado de vidro. Em janeiro de 2009, o Jornal da Tarde revelou que o ex-deputado pernambucano era uma das 58 pessoas beneficiadas pela política de contratação de “conselheiros”, implantada em 2005 por José Serra e mantida pelo sucessor Gilberto Kassab. Essa “bondade administrativa”, segundo o JT, visava acolher os aliados. Freire transferiu o seu domicílio eleitoral para São Paulo e, em 2010, com a ajuda do mesmo tucano, foi eleito deputado federal.
Em fevereiro de 2009, o próprio Ricardo Noblat, que não morre de amores por Lula, registrou em seu blog que o “presidente nacional do PPS, que posa e gosta de se apresentar como paladino da moralidade, recebe jetons no valor de R$ 12 mil mensais da prefeitura de São Paulo pela participação em dois conselhos municipais – Empresa Municipal de Urbanização (Emurb) e SP-Turismo”. Tais denúncias, porém, nunca ganharam as manchetes na mídia demotucana. Afinal, Roberto Freire presta inestimáveis serviços à direita nativa.
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