Os três filhos de Roberto Marinho continuam no topo da lista dos maiores ricaços do Brasil, segundo o ranking mundial da revista Forbes. Já a situação do Grupo não parece tão tranquila assim. A cada semana surgem mais dados preocupantes, principalmente para os funcionários do império - que são demitidos, têm seus salários arrochados, perdem os direitos trabalhistas e sofrem violento assédio moral. Matéria postada nesta sexta-feira (5) pela jornalista Keila Jimenez, no site R-7, confirma que a TV Globo está sofrendo derrotas até no futebol, a sua antiga mina de ouro. Vale conferir:
O EI, que acaba de entrar na Net, busca fechar um acordo milionário com os clubes mais importantes do futebol do país para tentar conseguir os direitos do Campeonato Brasileiro a partir de 2019, quanto vence o contrato da Globo/Globosat pelos direitos da competição.
Segundo fontes do mercado, pelo menos seis dirigentes de grandes clubes já se mostraram interessados na proposta do Esporte Interativo. O EI tenta convencer mais dois.
Até agora, só o Santos afirmou publicamente ter aceitado a proposta do Esporte Interativo por um acordo de seis anos.
A Globosat fechou com oitos clubes a renovação dos direitos para a TV fechada do Brasileirão a partir de 2018: Fluminense, Corinthians, Vasco, Botafogo, Vitória, Sport, Cruzeiro e o Atlético-MG. Já Santos, São Paulo, Flamengo, Santa Cruz, Grêmio, Internacional, Coritiba, Atlético-PR e Bahia, que está na Série B, estão negociando com o Esporte Interativo.
Pela proposta da Turner, a divisão dos lucros entre emissora e times ficaria assim: 50% igualitariamente, 25% de acordo com a audiência e 25% conforme o desempenho esportivo.
A Globo possui um formato de negócio atualmente que favorece Corinthians e Flamengo. Os dois times ganham mais porque têm melhores audiências.
Na divisão atual de lucros, Flamengo e Corinthians ficam com 13,5%, São Paulo, 8,7%, Palmeiras, 7,9%, Santos , 6,3%, e assim vai. Enquanto Flamengo e Corinthians chegam a lucrar R$ 170 milhões com os direitos do campeonato, o Cruzeiro ganha R$ 60 milhões , o Coritiba, R$ 35 milhões e o Santa Cruz, R$ 25 milhões.
A diferença é muito grande.
A Globo/Globosat ainda tem como moeda de troca os lucros do canal de pay-perv-view, o Premiere, que muito interessam aos clubes. Mesmo assim, a emissora estuda rever algumas práticas em seus próximos contratos e igualando mais os valores divididos entre os clubes. Há a possibilidade de uma divisão maior de lucros oriunda de patrocínios e anunciantes do Brasileirão.
Afinal, não há como negar que esse racha entre os times preocupa a emissora. A concorrência não só pode levar o Brasileirão como também pode inflacionar o negócio, deixar os preços das transmissões de futebol no país bem mais caras.
Com bala na agulha, o EI já desembolsou uma verdadeira fortuna para conseguir o Liga dos Campeões da Europa com exclusividade na TV por assinatura no Brasil. ESPN e SporTV perderam um grande campeonato em termos de audiência e faturamento.
Há quem acredite que os dirigentes dos times farão só jogo de cena com Esporte Interativo, para depois fechar com a Globo como sempre.
Mesmo assim, os ânimos estão acirrados.
*****
A briga dos dois impérios midiáticos promete agitar o futebol nos próximos meses. Desde os tempos da ditadura militar, a TV Globo mantém a exclusividade na transmissão dos principais campeonatos nacionais e internacionais - o que lhe rendeu muita grana e poder junto aos anunciantes. Neste longo período, a emissora fez inúmeros acordos de bastidores com os cartolas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da Fifa - muitos destes dirigentes atualmente estão presos exatamente devido à gigantesca corrupção nos contratos de "transmissão televisiva". O escândalo, porém, ainda não teve maiores reflexos no Brasil, onde a famiglia Marinho possui forte influência junto ao Judiciário. Já a presença de novos e poderosos concorrentes pode acabar com a tranquilidade do império global.
Na avaliação do jornalista Nelson de Sá, da Folha, esta "guerra pelo mercado" poderá até beneficiar os telespectadores e os clubes. Para ele, "a aquisição do Esporte Interativo pela norte-americana Time Warner, em janeiro de 2015, e a valorização do dólar frente ao real, prepararam o caminho para o iminente rompimento do controle da Globo sobre o futebol brasileiro. O que a Record não conseguiu, com o endosso da Igreja Universal, a gigante americana de mídia está perto de alcançar, com a confirmação já pública de seu acordo com o Santos, pelos direitos para TV paga a partir de 2019".
"A 'guerra' entre os dois grupos de mídia, na expressão usada pelo presidente do São Paulo, Carlos Augusto Barros e Silva, já leva a Globo a negociar concessões com outros clubes, caso do mesmo São Paulo. Mas o beneficiário final da concorrência - entenda-se guerra, no caso, como o simples funcionamento regular do mercado - tende a ser o consumidor das transmissões, sujeito oculto nas conversas, por enquanto... Mais importante, talvez: embora estejam em jogo só os direitos para TV paga, as ofertas incluiriam pagar pelos direitos para TV aberta, para evitar que a Globo ameace não pagar por eles, em represália - como, aliás, o Santos afirma temer".
A conferir se todo este entusiasmo se justifica! Pela lógica destrutiva do capitalismo, pode estar em curso a substituição de um monopólio "nacional" por outro internacional - no caso, dos EUA.
*****