Por Altamiro Borges
Na noite de ontem (5), cerca de 300 ativistas lotaram o auditório da Casa de Portugal, no centro da capital paulista, para manifestar seu apoio à reeleição de Hugo Chávez. O ato foi bastante representativo, amplo e emocionante. Todos os oradores enfatizaram que a eleição venezuelana tem uma dimensão continental e é decisiva para avanço do projeto mudancista na América Latina. Todos também criticaram a cobertura da mídia colonizada, que já declarou o seu entusiástico apoio ao ricaço direitista Henrique Capriles.
Dois artigos publicados nos jornalões conservadores nesta semana reforçam esta crítica. O jornal O Globo publicou uma matéria cheia de mentiras sobre a eleição no país vizinho. Afirma, por exemplo, que a disputa está “embaralhada”, tendo como base a pesquisa de um instituto ligado à direita venezuelana. Todas as sondagens, inclusive de órgãos independentes, apontam folgada vantagem para o líder bolivariano – de mais de 20%. O uso da pesquisa fajuta serve para o jornal insinuar que Chávez vai “apelar para a violência”.
Campanha eleitoral descarada
Segundo a “reporcagem” de Janaína Figueiredo, “incidentes ainda isolados aumentaram o clima de medo no país”. Ela usa como fonte o vereador Freddy Gómez, um famoso golpista, para informar que os chavistas até já “atiraram contra um grupo opositor” – mas sem apresentar qualquer prova concreta. Pelo seu relato terrorista até parece que as eleições venezuelanas se transformaram numa guerra civil. Tudo porque Chávez, temendo a derrota, “apela para o medo e a intimidação”. A matéria até parece propaganda eleitoral:
“O nervosismo entre os chavistas está crescendo. A campanha de Capriles tem sido elogiada por vários analistas venezuelanos, que destacam o fato de o candidato opositor estar percorrendo todo o país, visitando pequenas cidades que há anos não eram incluídas na agenda dos políticos locais... Paralelamente a isso, por outro lado, Chávez enfrentou uma sucessão de tragédias que provocaram comoção nacional. Entre elas, o incêndio na refinaria de Amuay, da estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA)”. Haja imparcialidade!
Intensificar o debate sobre as eleições venezuelanas
Já a Folha, em editorial, também bateu na tecla do “medo” – até parece coisa acertada em alguma “agência de inteligência”. Segundo o jornal da famiglia Frias, o presidente Hugo Chávez – o mesmo que já venceu onze eleições e referendos no país – teme ser derrotado e agora apela para as ameaças. “O tom beligerante do líder bolivariano denota seu pouco respeito ao processo democrático”, afirma o diário, o mesmo que apoiou o golpe militar no Brasil, em 1964, e a tentativa frustrada de golpe na Venezuela, em 2002.
A Folha, a exemplo do jornal da famiglia Marinho, está entusiasmada com a campanha de Capriles. “Tanto quanto a democracia, a economia na Venezuela tem sofrido as consequências do populismo chavista... As dificuldades criadas pelo regime têm favorecido os adversários. Menos radical do que no passado, a oposição surge com chances de ameaçar o caudilho bolivariano nas urnas”. Mesmo assim, temendo nova surra da direita nas urnas, a Folha faz terrorismo e tenta desqualificar o processo democrático na Venezuela.
Os dois artigos, entre tantos outros, confirmam as críticas feitas no ato de ontem em apoio a Chávez. Como ressaltou João Pedro Stedile, do MST, é preciso intensificar o debate sobre as eleições no país vizinho para desmascarar as mentiras da mídia colonizada.
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