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Golpe de mestres, mestres de golpe - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 09/10
Como Dilma, Aécio e os "mestres da política" do PSB-Rede vão dizer ao povo que o dinheiro acabou?
O BRASIL "FORMADOR de opinião" ainda anda embevecido ou preocupado com o "golpe de mestre", com a "aula de política" e outras trivialidades enviesadas do comentarismo político a respeito do minueto de Marina Silva e Eduardo Campos.
Mais importante seria perguntar aos candidatos, de maneira apropriada e indireta, decerto, como vão mentir na eleição de 2014. Mentir à larga, provavelmente. Terão de ser mestres é de golpe eleitoral.
Os "programadores" (autores de planos) dos candidatos maiores da oposição (Aécio Neves e o ser Marina-Campos), economistas em particular, acreditam que é preciso dar um tempo nas duas décadas de aumento de gasto muito acima do ritmo do PIB.
Aliás, isso estava escrito de maneira radical no programa de Marina em 2010, embora ela mesmo talvez nem tivesse percebido. Dizia-se lá que o gasto público corrente deveria crescer à metade da velocidade do PIB. Isto significa cortar para um quarto ou menos o ritmo de aumento das despesas com benefícios sociais (assistenciais, INSS, educação, saúde). Os economistas próximos de Aécio não pensam de maneira muito diferente.
De Campos, não sabemos quase nada a respeito, pois por ora ele trata dos lírios do campo (que vivem da bondade de Deus, não do Orçamento), de "semear a esperança" e reler o socialismo com os óculos de Marina, "sustentáveis", nas pausas de seus encontros com empresários.
Mesmo parte do pessoal de Dilma Rousseff mais preocupado com o fiasco de 2011-2013 e mais amigo dos livros de macroeconomia imagina como dizer à chefe que o dinheiro, por ora, acabou. O gasto social vai ser um dos problemões de 2015-2018. Algum controle, forte, terá de haver, quase todo mundo sabe. Improvável que algum candidato o diga. Como vão mentir, ou dourar a pílula, é que são elas.
Cidadãos prestantes e interessados na coisa pública deveriam desde já amolar os candidatos a esse respeito.
No entanto, não é essa a conversa. Petistas e, especialmente, antipetistas, na política ou no comentarismo, dedicam-se a uma aritmética eleitoral especulativa, protesto.
Quase tão importante, debate-se quando Marina e Campos chegarão às vias de fato na dança das cadeiras da chapa presidencial, quando a música da pré-campanha parar de tocar em meados do ano que vem.
Note-se de passagem que tal conversa tem tudo para parecer absurda, pois a comédia ou novela da eleição está ainda tão distante que o público ainda confunde as personagens. Lula tem mais voto de pesquisa que Dilma, José Serra tem tantos ou mais votos que Aécio Neves, Marina dá de lavada em Camps. Logo, ninguém sabe nada de nada.
A seguir, discutem-se os "palanques" (quais adeptos do campismo não vão se bicar com tais e quais marinistas etc.). Tem alguma relevância, mas marginal.
No que diz respeito a eleições, "formadores de opinião" costumam formar a opinião uns dos outros. Quando o povo comum forma sua opinião, os formadores de opinião não raro têm de mudar a sua. O povo, nós, não sabemos o que queremos até começar o show da eleição.
Portanto, o cálculo das probabilidades é uma pilhéria. Campos com Marina tira mais votos de Dilma do que Marina sem Campos?
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