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Greve de fome em Israel não é manchete
Por Altamiro BorgesApós 66 dias em greve de fome, o palestino Khader Adnan finalmente será libertado da prisão em Israel. Sem acusação formal, ele fora detido em 17 de dezembro e condenado por um tribunal militar. Sua situação era dramática. Para a mídia hegemônica, porém, este palestino e tantos outros que vegetam nas masmorras israelenses não existem. Não são manchete ou destaque na TV.
Segundo Ana Cárdenes, da agência de notícias EFE, o drama de Khader Adnan é o mesmo vivido por milhares de palestinos. Eles são presos nos territórios ocupados com base numa norma israelense batizada de “detenção administrativa”. Esta ferramenta de viés fascista permite prender indefinidamente os palestinos sem qualquer acusação de delito.
Uma norma draconiana“No caso de detenção administrativa não temos direito sequer de ver o dossiê de acusação, porque se considera 'material secreto' que nem o detido nem seu advogado podem conhecer”, explica a advogada Sahar Francis, diretora de uma ONG de apoio aos prisioneiros. Há palestinos que já passaram mais de oito anos presos com base nesta norma arbitrária, draconiana.
“A detenção administrativa pode estender-se a cada seis meses, o que permite que algumas pessoas estejam anos sem saber por que estão detidas nem o que podem fazer para ser libertados”, explica a jornalista. Segundo Sahar, a norma não define os delitos, viola direitos dos detidos e é excessiva nas penas – “como a prisão de até um ano por jogar uma pedra sem atingir ninguém”.
Tribunais são aparelhos de humilhaçãoOutro absurdo é que “a maioria das acusações se baseia em confissões que outros presos fazem durante interrogatórios nos quais a tortura e os maus-tratos estão muito difundidos”. Os interrogatórios são feitos em árabe, mas os presos assinam a declaração em hebraico, idioma que muitos não entendem. Os menores são interrogados sem a presença de um advogado nem de seus pais e também não têm suas fichas policiais apagadas quando completam 18 anos, como acontece em outros países.
O julgamento nos tribunais militares não ter qualquer isenção. “Com juízes contratados, pagos e escolhidos pelo Exército, é muito difícil convencer a corte que um prisioneiro diz a verdade”. Além disso, “não é a promotoria que deve demonstrar a culpabilidade, mas o detido que deve provar que é inocente”. Em síntese, afirma a advogada, “os tribunais militares são mais uma parte do aparelho de ocupação, humilhação, controle e opressão israelense”.
O silêncio cúmplice da mídiaA mídia hegemônica, manietada pelos EUA e por Israel e replicada por suas sucursais rastaqueras no Brasil, não faz qualquer alarde diante destes atentados às normas jurídicas básicas. Ela também evita falar sobre os milhares de presos palestinos nas masmorras israelenses. Por isso, não surpreende que nada tenha falado sobre a longa greve de fome de Khader Adnan.
Se fosse um deliquente comum de Cuba, ela logo o transformaria num preso político, num “mártir pela democracia”. Só mesmo os ingênuos acreditam nos discursos dos carrascos estadunidenses e israelenses sobre direitos humanos amplificados pela mídia.
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