GUEST POST: DEFICIÊNCIA, GÊNERO E SEXUALIDADE
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GUEST POST: DEFICIÊNCIA, GÊNERO E SEXUALIDADE


Pedi um guest post pra Silvia Alves, mestranda do programa de Psicologia Cognitiva da UFPE, sobre um assunto que nunca foi tratado aqui (já publiquei alguns posts, como este, excelente, e este, comovente, mas nada que relacione sexualidade e deficiência. Seria ótimo ter mais textos assim!).
Eis o post da Silvia.

Sou formada em Pedagogia e trabalhei cinco anos numa ONG voltada para pessoas com deficiência. Sempre me interessei por estudos sobre elas e através de um vasto levantamento bibliográfico na literatura da área percebi que as pessoas com deficiência sempre tiveram sua imagem associada à incapacidade e que ainda é comum que sejam consideradas como um grupo homogêneo e assexuado. 
Em uma pesquisa realizada anteriormente com pessoas com paraplegia pude notar que questões relacionadas à sexualidade não apareceram explicitamente nos dados colhidos com as participantes mulheres (o mesmo não aconteceu com os homens), o que me levou a pensar que as mulheres com deficiência poderiam sofrer uma dupla marginalização, uma vez que tanto no âmbito público quanto no privado ainda existe uma série de diferenças e desigualdades que marcam as relações sociais e que tornam a mulher vulnerável ao preconceito social, principalmente no que diz respeito à livre vivência da sexualidade. Assim, as mulheres com deficiência seriam alvos de estereótipos e preconceitos que são destinados a esses dois grupos oprimidos.
Recordando os momentos vividos dentro da ONG onde trabalhei lembrei-me dos (péssimos) comentários que eram dirigidos àquelas mulheres com deficiência que desviavam do padrão (mulheres solteiras, religiosas e recatadas). É preciso salientar que se para as mulheres, em geral, o fato de usar determinados tipos de roupas, terem diferentes parceiros sexuais, ingerir bebidas alcoólicas, gostarem de frequentar festas, etc já se configura como comportamento inadequado, quando esses comportamentos se aplicam a mulheres com deficiência, as atitudes discriminatórias aumentam consideravelmente.
Apesar do surgimento de avanços legislativos que conferem direitos às pessoas com deficiência, ainda hoje elas vivenciam situações de exclusão, violência e segregação. E, quando a essas pessoas é somada a questão do gênero, os estereótipos e preconceitos que permeiam suas vivências aumentam, dificultando ainda mais a conquista de autonomia de vida, inclusive no que diz respeito à sexualidade.
A falta de informação acerca da sexualidade dessas mulheres alimenta a crença de que deficiência e sexualidade são incompatíveis. Dessa maneira, ainda é forte no senso comum a ideia de que a pessoa com deficiência não sente desejo, nem vivencia sua sexualidade, principalmente, quando essa deficiência é a paraplegia, por envolver os membros inferiores, onde se localizam os órgãos genitais. Entretanto, há muito que se desconstruir sobre tais concepções, primeiramente porque a sexualidade não se resume ao ato sexual nem se localiza unicamente nos órgãos sexuais. Além disso, não há nenhuma evidência que relacione a paraplegia (ou qualquer outro tipo de deficiência) à falta de desejo sexual. 
É preciso destacar que os (poucos) estudos que abordam a questão da sexualidade das pessoas com deficiência estão massivamente voltados para o homem com paraplegia adquirida, uma vez que esse teve o curso de sua sexualidade modificado pela paraplegia. Apesar de se reconhecer a importância de tal discussão, é necessário ampliar o debate, incluindo sujeitos que seguem sendo discriminados. 
Visto que debater sexualidade é discutir valores, normas sociais e culturais, é relevante refletir sobre as possibilidades e as impossibilidades que a sociedade coloca em relação a esse fenômeno, pois o tabu da sexualidade associado ao da paraplegia dificulta o processo de inclusão de mulheres com deficiência, por não considerá-las em todas as dimensões da vida. 
Apesar da deficiência, tais mulheres têm suas peculiaridades e singularidades e conservam seus direitos, seus aspectos sociais, pessoais e, inclusive, sexuais. Essas não devem ser encaradas como doentes nem como incapazes de tomar decisões na condução de suas vidas.




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