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GUEST POST: MULHERES NA POLÍTICA, POLÍTICA NAS RUAS
Além de Lenina (PCB 2100), outra candidata feminista que foi incluída na absurda lista da Uol de "candidatas bonitas" foi Isa Penna, do PSOL, SP. Ela ficou tão indignada que exigiu que seu nome e foto fossem retirados da matéria e deixou esta nota na sua página do FB:
"Esse tipo de matéria só demonstra mais uma vez como é essencial que nós, mulheres, ocupemos cada vez mais os lugares públicos e políticos da nossa sociedade, para demonstrarmos para este tipo de pessoas que podemos sim lutar pelos nossos direitos, que temos que ter o protagonismo na tomada de decisões que envolvam toda nossa comunidade e que nossas ideias devem ser levadas em conta. Nossa participação na sociedade não pode ser resumida à de objeto sexual, e iremos enfrentar a mídia e grandes interesses para provar isso".
Conheça um pouco mais sobre Isa, que é candidata à deputada estadual em SP, pelo PSOL, lendo seu texto:
Quando pensamos que as mulheres não costumam participar da política, visto que o espaço público é majoritariamente masculino, podemos nos questionar de onde vem tal situação?
Historicamente, em todas as sociedades com existência de Estado, as mulheres foram preteridas da participação política ou essa participação se deu de forma bem limitada. A gestão dos territórios, a elaboração das leis e ocupação dos espaços públicos são atividades vistas como tarefa dos homens, enquanto as mulheres devem cuidar da casa e das pessoas.
Desde o início, todas as sociedades dependeram, para sua reprodução, da gratuidade do trabalho feminino no âmbito doméstico, na reposição das condições de vida à família e na reprodução concreta dos seres humanos. O trabalho doméstico e a maternidade ainda são, hoje, atributos femininos desejados e valorizados, visto como adequados às mulheres. Talvez a grande ousadia por parte das mulheres seja sua atuação política, sua presença nos espaços públicos.
As mulheres naturalmente circulam pelas cidades, pelas vias públicas, mas são frequentemente constrangidas com cantadas, assédios e outras formas de violência -– como estupros. Nos trens, ônibus e metrô, tal violência é ainda mais comum, pelo único motivo daquela pessoa ser uma mulher, ter um corpo feminino. Os homens são educados para enxergarem as mulheres como subalternas, sem direito ao próprio corpo, disponíveis e submissas aos seus desejos. Nenhuma mulher se sente segura caminhando a noite sozinha, e esse medo é uma restrição inaceitável em um país democrático. Em nossa visão, isso deve ser totalmente revisto, a violência contra as mulheres e o cerceamento de sua liberdade têm de acabar.
A exclusão das mulheres dos espaços públicos e políticos traz consequências no seu dia-a-dia, já que suas demandas passam a ser secundarizadas no momento da elaboração de leis e conquistas de direitos. A dupla jornada de trabalho; a falta de serviços públicos para a manutenção da vida – como lavanderias e refeitórios; a falta de creches para deixar seus filhos, entre outras coisas que não permitem que as mulheres possam ter tempo para o lazer e descanso são questões sempre secundarizadas e é por isso que temos que eleger mulheres para as casas legislativas.
Além da violência contra as mulheres, há todo um controle social sobre seu corpo que está levando muitas mulheres de baixa renda a danos irreversíveis à saúde física e mental, e à morte de muitas: a decisão de abortar, que muitas vezes é a única escolha possível. Não podemos aceitar que um caso de saúde pública como é o do aborto no Brasil seja mediado por Igrejas e negociado com bancadas parlamentares fundamentalistas, quando sabemos que a proibição de fazê-lo restringe-se, na prática, àquelas que não podem pagar. Exigimos que o Estado garante uma educação sexual preventiva, métodos anticoncepcionais gratuitos e o aborto seguro e legal, para as mulheres poderem optar entre ser ou não ser mãe.
Queremos resgatar a utopia, construir uma outra vida, onde o bem comum prevaleça sobre a ganância de poucos. Neste sentido, precisamos retomar o espaço público das cidades, melhorar a circulação das pessoas e garantir direitos sociais, serviços e lazer gratuitos e de boa qualidade para todas e todos. Somente com a socialização das tarefas domésticas podemos incluir de fato as mulheres em nossa sociedade.
Para isso, propomos:
- que os orçamentos municipais e estadual priorizem a instalação de restaurantes coletivos, creches 24 horas, lavanderias coletivas de fácil acesso; - defendemos a constituição de Conselhos Populares com poder decisório sobre o orçamento público e o controle da aplicação das verbas públicas. A participação das mulheres nestes conselhos é essencial para a defesa e manutenção do bem público e da extensão da solidariedade comunitária.
- Combate efetivo à violência contra mulher, para que elas possam circular pela cidade sem serem agredidas e que as que são agredidas dentro de casa tenham locais para reconstruir suas vidas.
- Obrigatoriedade de salários iguais para homens e mulheres em funções iguais.
- Educação não sexista, voltada para formação humana visando o respeito entre os diferentes sexos e o combate à desigualdade de gênero.
- Educação sexual preventiva por parte do Estado, distribuição gratuita do métodos contraceptivos e legalização do aborto. Preparação na rede do SUS para casos de saúde reprodutiva da mulher e realização de abortos seguros e gratuitos.
- Tarifa zero no transporte público, com aumento das frotas e das linhas de ônibus, metrô e CPTM. Transporte público 24h e campanhas preventivas contra o assédio sexual no transporte.
- Fim da revista vexatória para parentes de presos.
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