HÁ MOTIVO PARA HAVER TANTOS ESTUPROS NOS SEUS PROGRAMAS DE TV FAVORITOS
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HÁ MOTIVO PARA HAVER TANTOS ESTUPROS NOS SEUS PROGRAMAS DE TV FAVORITOS


Pedi para a querida Elis traduzir este artigo muito interessante de Eliana Dockterman, publicado na Time:

Top of the Lake
Este ano na TV, personagens femininas foram forçadas, repetidas vezes, a lidarem com estupros ocorridos em seu passado –- um enredo que reflete como nossa sociedade finalmente está enfrentando a cultura do estupro.
Anna em Downton Abbey
Houve uma quantidade enorme de estupros na televisão este ano. Embora esperemos roteiros com estupros em programas sobre procedimentos policiais como Law and Order: SVU, a violência sexual se tornou um tema corrente também em dramas intelectuais: The Americans, Scandal, Top of the Lake, House of Cards, Game of Thrones e Downton Abbey destacaram ocorrências desse tipo de violência. Algumas pessoas ignoraram a tendência, considerando-a uma maneira fácil de criar tensão e drama e obter compaixão. Ao lado da morte e de torturas, o estupro está no topo da lista de piores coisas que podem acontecer com uma personagem.
“Agora, em vários dos estupros recentes na TV, temos personagens femininas que são vistas pelo público como frias, impiedosas e calculistas. Essas personagens são desgostadas ou até mesmo odiadas pelo público”, afirma Lisa Cuklanz, professora no Boston College e autora do livro Rape on Prime Time (Estupro no Horário Nobre, em tradução livre). “Quando ficamos sabendo de sua vitimização sexual, este novo conhecimento serve para humanizar a personagem.”
Estupro de Mellie em Scandal
Elizabeth, de The Americans; Mellie, de Scandal; Robin, de Top of the Lake, ou Claire, de House of Cards, se encaixam no perfil da mulher forte, porém fria, que pode ser difícil de amar. Mas às vezes o estratagema do “estupro por compaixão” tem efeito inesperado e parece ser um recurso barato, como muitos observaram no início do ano, quando um flashback em Scandal mostrou Mellie sendo estuprada pelo sogro.
Mas eu não acho que seja o caso da maioria dos enredos. Há algo diferente nesses estupros. Nós costumávamos ver ou ser informadxs de casos de violência sexual em tempo real, e víamos como eles mudavam as personagens. Agora, os roteiristas revivem ataques que ocorreram antes da linha do tempo do seriado. No caso de The Americans, Scandal, Top of the Lake e House of Cards, a trama traz uma mulher que precisa lidar com uma violência sexual sofrida anos, ou mesmo décadas antes. 
Não vemos o ataque em tempo real, mas em um flashback (se o virmos). Essas mulheres já lidaram com as consequências, enterraram a dor e seguiram adiante com suas vidas. Apenas quando o estuprador reaparece (The Americans, House of Cards) ou quando uma nova circunstância, como a investigação de um crime ou uma entrevista, as faz lembrar do incidente (Top of the Lake, Scandal) a “trama do estupro” começa.
E essa mudança na maneira como a violência sexual é retratada não é uma total coincidência. A televisão está reproduzindo o que vem acontecendo em nossa sociedade em maior escala. Como uma cultura, estamos -– assim como essas personagens ficcionais -- enfrentando de novas maneiras o problema do estupro, antes relegado ao esquecimento. A ideia de “cultura do estupro” surgiu nos últimos anos como um tema importante de discussões e debates. 
Joan estuprada pelo noivo em
Mad Men
O caso do estupro em Steubenville, ataques sexuais em campus universitários e ataques dentro da corporação militar trouxeram o problema do estupro, existente há muito tempo, ao primeiro plano na mídia. Nós vimos tramas em que as personagens se vingam de um estupro (Veronica Mars), salvam a si mesmas ou outras personagens de um estupro (Buffy) ou usam o estupro como uma mudança de enredo na história de um casal (Mad Men). Mas essa nova safra de sobreviventes de estupros que lidam com as consequências de longo prazo dos ataques que sofreram parece nascer diretamente de nossa cultura.
Elizabeth em Americans
Como Joel Fields, produtor de The Americans — um drama de espionagem ambientado na Guerra Fria e exibido pelo canal FX — observa, “Tem havido um esforço no vocabulário popular para parar a se referir às pessoas como vítimas de estupro e passar a chamá-las de sobreviventes do estupro. E isso realmente se aplica [a Elizabeth].” Mesmo assim Joe Weisberg, criador e roteirista principal do seriado, afirme que eles não escreveram o roteiro como um truque para obter a compaixão do público, e sim como um segredo de longa data que a impediria de se aproximar de seu colega espião e marido Philip.
“Seria algo que ela reprimiu”, diz Weisberg. “Em nossa trama, acredito que muitos de nossos esforços se concentram na ideia de que a repressão do ataque foi um grande fator que a separou de seu marido ao longo dos anos." Somente quando Elizabeth revela o segredo para o marido, o casal consegue começar a eliminar o espaço que há entre eles.
The Americans levou o padrão a um outro nível, de maior metalinguagem, nesta temporada: Elizabeth continua se recuperando por meio de um tipo bizarro de terapia, disfarçando-se de vítima de estupro para obter informações de um alvo.
“Elizabeth disfarçada com Brad começa a falar sobre o estupro e o reformula de forma consciente e inconsciente ao mesmo tempo. Mas disfarçada, e por meio de outra identidade, ela consegue pela primeira vez expressar e explorar alguns dos sentimentos nesse bizarro ambiente paralelo que é seguro para ela”, diz Fields.
Claire em House of Cards
Como espiã, Elizabeth desempenha o papel da vítima que vemos tradicionalmente na TV — uma tentativa clara de obter compaixão. Mas Elizabeth, a esposa e mãe, luta muito mais profundamente para lidar com seus sentimentos relativos ao estupro. [SPOILERS] Elizabeth pode se consolar com o fato de que seu marido matou o estuprador; em House of Cards, Claire pode ficar orgulhosa de si mesma por seu plano para justificar um aborto e retaliar seu agressor ao mesmo tempo, anunciando seu nome na rede nacional de TV;
Duas sobreviventes em Top of the Lake
em Top of the Lake, Robin pode respirar aliviada sabendo que o homem que orquestrava uma rede se exploração sexual de menores está morto; em Scandal, Mellie -– bem, pelo menos seu sogro finalmente morreu.
Mas essas mulheres começam a realmente se recuperar quando o segredo é revelado –- ao mundo, a seus maridos ou a um(a) confidente, não quando elas se vingam.
Elizabeth e Philip se aproximam em The Americans quando ele fica sabendo do ataque; em House of Cards, Claire se torna mais forte e se vinga do agressor sem ajuda do marido (normalmente, ela segue as ordens do marido calculista); 
em Top of the Lake, o seriado termina com Elizabeth pronta para ajudar a criar uma criança que foi resultado de um estupro coletivo (após entregar o próprio filho para adoção muitos anos antes), e em Scandal Mellie se consola com a escolha de seu marido pelo candidato Andrew à vice-presidência — o único que sabe de seu estupro.
Conscientemente ou não, isso reflete o esforço de nossa sociedade de desenterrar ataques, novos ou antigos, e de lidar com o fato de que há muito tempo o estupro é algo que é varrido para debaixo do tapete. Apenas assim podemos começar a nos recuperar.




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