Hipocrisia de Obama sobre o Oriente Médio
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Hipocrisia de Obama sobre o Oriente Médio



Por Brian Becker e Mara Verheyden-Hilliard. Tradução: Max Altman:
O presidente Obama foi ao ar hoje para falar sobre as revoltas e os conflitos que se espalham pelo Oriente Médio.

hegemonia dos Estados Unidos sobre está região estratégica e rica em petróleo tem sido o pivô da política externa de Washington por décadas.

Utilizando um sistema de poder e de regimes submissos, a par de suas vastas forças militares na região, os Estados Unidos vêm sustentando uma rede de ditaduras brutais e o regime israelense por décadas.

Este sistema de controle imperial vem sendo sacudido por levantes populares que começaram na Tunísia e se espraiaram para o Egito e outros paísesSobre esta conjuntura, a administração Obama se pronunciou hoje na sede do Departamento de Estadocomo parte de um esforço para reafirmar a liderança norte-americana sobre a região ora em processo de célere mudança.

Valendo-se da retórica de democracia e liberdade para mascarar a responsabilidade do imperialismo norte-americano naduradoura opressão e sofrimento por que passam os povos do Oriente Médio, o discurso do presidente Obama foi umademonstração de inescrutável hipocrisia.

Hipocrisia: o presidente Obama disse que “o maior recurso não explorado no Oriente Médio e Norte da África é o talento de seuspovos”.
Realidade: a estratégia dos Estados Unidos é baseada no controle do mais cobiçado recurso do Oriente Médiodois terços dasreservas mundiais conhecidas de petróleo. O governo de Washington forneceu bilhões de dólares e armou as mais brutaisditaduras do Oriente Médio durante décadas, uma prática a que a administração Obama deu ampla continuidade. O governo dosEstados Unidos jamais bloqueou ou cortou os fundos destinados à ditadura de Mubarak ainda quando o regime matara mais de 850 pacíficos manifestantesMais de 5 mil civis no Egito foram acusados e presos desde 25 de janeiro em julgamentos conduzidospelos militares egípcios. Os Estados Unidos continuam a enviar maciças somas aos militares egípcios a despeito da continuarepressão contra o povo.

Hipocrisia: O presidente Obama declarou: “a política dos Estados Unidos será de promover reformas em toda a região e de apoiaras transições para a democracia.”
Realidade: Os únicos governos do Oriente Médio que foram objeto de invasãosanções econômicas e derrubadas pelo governo dosEstados Unidos foram aqueles que seguem políticas independentes do controlepolíticomilitar e econômico dos Estados Unidos. Washington jamais impôs sanções econômicas à ditadura de Mubarak e somente se manifestou publicamente contra Mubarakquando a maré da revolução tornou-se irresistível. Do mesmo modo, os Estados Unidos apóiam a brutal monarquia da Arábia Saudita.

Hipocrisia: o presidente Obama advoga para os povos do Oriente Médio os “direitos fundamentais de expressar seu pensamento eter acesso às informações”, afirmando que, “a verdade não pode ser escondida e a legitimidade dos governos vai depender em últimainstância de cidadãos ativos e bem informados.”
Realidade: a administração Obama exorbitou ao punir aqueles que queriam informar o público ao jogar luz sobre as atividades dogoverno norte-americano. Bradley Manning permanece em prisão sob ameaça de prisão perpétua, sendo mantido em brutaiscondições que levaram o Relator Especial sobre Tortura das Nações Unidas a buscar investigação. O Departamento de Justiça está trabalhando à máxima velocidade para processar Julian Assange do Wikileaks por abrir documentos governamentais ao público,muitos dos quais expõem o papel dos Estados Unidos no Oriente Médio. O governo Obama leva a cabo uma grande campanha,mais agressiva do que qualquer governo anterior, a fim de processar criminalmente informantes que exponham a verdade sobreações governamentais ilegais.

Hipocrisia: o presidente Obama declarou: “Os Estados Unidos se opõem ao uso da violência e da repressão contra o povo da região.”
Realidade: Os Estados Unidos sob Obama estão envolvidos na invasãoocupação e bombardeio ao mesmo tempo de quarto paísespredominantemente muçulmanos: Iraque, Afeganistão, Líbia e Paquistão. Além do mais, o chefe de Estado, isoladamente o maiorviolador dos direitos humanos fundamentais e perpetuador da violência na região, é George W. Bush, cuja invasão ilegal do Iraque custou a vida de mais de um milhão de pessoas. A invasão de 19 de março de 2003 foi uma guerra de agressão contra um país quenão constituía nenhuma ameaça aos Estados Unidos ou ao povo dos Estados Unidos. A invasão e ocupação do Iraque levaram àmorte de mais árabes do que os que foram mortos por todas as ditaduras da região somadas. O presidente Obama chamou Osama Bin Laden de assassino em massa. O 11 de setembro de 2001 foi de fato um repugnante crime que tirou a vida de milhares detrabalhadores inocentesmas medindo-se na ordem de magnitude de vítimas fatais, o crime de assassinato em massa no Iraquenão tem comparação. George W. Bush não  não foi preso por assassinato em massa do povo iraquiano como é tratado comhonras pela administração Obama.

Hipocrisia: Numa tentativa de apaziguar a opinião pública árabe, o discurso do presidente Obama dá a impressão que os EstadosUnidos insistem com o retorno de Israel às fronteiras anteriores a 1967. Obama afirmou “precisamente devido a nossa amizade éimportante que eu diga a verdade: o status quo é insustentável e Israel também deve agir corajosamente em direção a uma pazduradoura.”
Realidade: A guerra de Israel contra o povo palestino seria impossível sem o apoio dos Estados Unidos, que segue constante. Omaior destinatário individual da ajuda externa dos Estados Unidos é o Estado de Israel, que usa os 3 bilhões de dólares de receitaanualmente para manter o sítio ao povo de Gaza, continuar a ocupação ilegal da Cisjordânia e evitar o retorno das famílias de 750mil palestinos que foram expulsos de suas casas e aldeias da Palestina histórica em 1948. As Nações Unidas, em váriasresoluções, condenaram a invasão e ocupação israelense em 1967 de Gaza, da Cisjordânia e das Colinas de Gola da SíriaLongede impor sanções econômicas, o presidente Obama prometeu a Israel um mínimo de 30 bilhões de dólares em ajuda militar paraos próximos 10 anos, funcionando, portantocomo um parceiro da ocupação. O discurso de Obama deixou claro também que osEstados Unidos apoiariam Israel na retenção de vastas faixas da Cisjordânia. Isto é o que ele quis dizer ao se referir a “permuta deterras”. Nos próximos dias, Obama manterá encontros privados com Benjamin Netanyahu e será o orador principal da conferênciado AIPAC (American Israel Public Affairs Committee). Com certeza, irá reforçar os fortes vínculos militares com Israel e a ajudafinanceira.

Hipocrisia: o presidente Obama declarou: “Nós apoiamos um conjunto de direitos universaisEsses direitos incluem liberdade deexpressãoliberdade de reuniões pacíficas; liberdade de religiãoigualdade entre homem e mulher sob o império da lei eliberdade para escolher seus próprios líderes – onde quer que você viva em Bagdá ou Damasco, Sanaa ou Teerã ... Continuaremos ainsistir que esses direitos universais se apliquem tanto às mulheres quanto aos homens.”
Realidade: Enquanto o governo dos Estados Unidos, junto com a Inglaterra e a França, os antigos colonizadores do Oriente Médioe da África, bombardeavam a Líbia com mísseis e bombas de última geração em nome da “proteção aos civis” e da “promoção dademocracia”, o governo Obama apresentava a mais morna crítica à monarquia do Bahrein quando esta e a monarquia saudita matavam e prendiam manifestantes pacíficos no Bahrein. Nenhuma sanção foi imposta ao Bahrein ou Arábia Saudita. A monarquia saudita é a suprema negação de democracia, privando as mulheres de todos os direitos, privando os trabalhadores deformar sindicatos e privando todos os setores da população de qualquer direito de livre manifestaçãoreunião ou imprensaNuncahouve eleição na Arábia Saudita. Porém as funções da monarquia saudita como cliente e submissa dos Estados Unidos não fazem dela objeto de sanções econômicas ou “mudança de regime” como o são os governos da Síria e da Líbia. A monarquia do Bahreinigualmente funciona como cliente dos Estados Unidos e permite que a 5ª Frota utilize o Bahrein como base navalEis o motivo porquê Washington refere-se à monarquia como “um parceiro de longa data”.

Hipocrisia: O presidente Obama denunciou o governo do Irã, afirmando que “iremos continuar a insistir que o povo iraniano merece ter direitos universais” e condenou o que ele chamou de “programa nuclear ilícito” do Irã.
Realidade: Ele deixou de mencionar que foi a CIA junto com o serviço secreto britânico que orquestrou a derrubada do governodemocrático do Irã em 1953 e reinstalou a monarquia do Eles derrocaram a democracia iraniana quando o Irã nacionalizouseu petróleo da AIOC/British Petroleum. Os Estados Unidos  romperam relações com o governo iraniano quando a ditadura do foi derrocada por uma revolução nacional popularCom relação às armas nucleares, o governo de Israel recusou-se a assinar otratado de não-proliferação nuclear e acumulou 200 “ilícitas” armas nucleares. É claro, os Estados Unidos têm milhares de armasnucleares e permanece sendo o único país a ter usado armas nucleares, destruindo Hiroshima e Nagasaki em 1945.

Hipocrisia: o presidente Obama diz ao mundo que os Estados Unidos partilham dos objetivos da revolução árabeque “a repressãoirá fracassarque as tiranias irão cair, e que todo homem e mulher são dotados de certos direitos inalienáveis.”
Realidade: O governo dos Estados Unidos, seja ele comandado pelos republicanos ou democratas,  o Oriente Médiorico empetróleo, pelas lentes do império. Operando por meio de uma rede de regimes amigos que inclui Israel, Arábia Saudita, Jordânia, a ditadura de Mubarak no Egito, o  do Irã até sua deposição em 1979 e outros regimes da região, suplementado por dezenas demilhares de tropas norte-americanas posicionadas em bases de toda a região, e por porta-aviões, os Estados Unidos almejamdominar e controlar a região responsável por dois terços das reservas mundiais de petróleo conhecidas. Mantém e continua afinanciar uma rede de ditaduras submissas brutais, financia a máquina de Guerra israelense e leva a efeito repetidas invasões,bombardeios e ocupações contra os povos da região.




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