Por Altamiro BorgesCrescem os rumores de que o Ibope – instituto que monopoliza as pesquisas de audiência da tevê brasileira e que realiza milionárias sondagens em períodos eleitorais – será vendido nos próximos dias à multinacional britânica WPP. Segundo reportagem do Estadão desta sexta-feira (19), “um dos maiores grupos de publicidade do mundo, dono de agências Ogilvy, Young & Rubicam e JWT, quer ficar com 80% do capital da empresa brasileira de pesquisa. O grupo de comunicação já é sócio do Ibope e detém atualmente 44% do negócio... As negociações estão em estágio avançado”.
O negócio se encaixaria no processo bilionário de expansão das multinacionais do setor no Brasil. “Comenta-se no mercado que o próprio WPP estaria em busca da compra de uma agência de relações públicas no Brasil. Hoje, o grupo comandado por Martin Sorell já contabiliza sob o seu ‘guarda-chuva’ empresas de desenvolvimento de marcas, de promoções em ponto de venda, de marketing esportivo (incluindo a 9ine, que tem o ex-jogador Ronaldo Nazário como sócio). O WPP já é proprietário de uma empresa do mesmo ramo que o Ibope, a Kantar, que já atua no Brasil”.
Não há ainda informações seguras sobre o valor do negócio, mas apenas boatos de que a compra da parcela remanescente do Ibope custará R$ 400 milhões. A empresa hoje presidida por Carlos Augusto Montenegro foi criada por sua família há 62 anos. Neste período, ela conseguiu – não se sabe de que forma – o monopólio da medição da audiência da televisão. Tornou-se parceira da Rede Globo na conquista da publicidade e foi acusada pelas emissoras concorrentes de distorcer as pesquisas para privilegiar o império global – ganhou até o apelido de “Globope”.
Nas sondagens eleitorais, o Ibope também foi acusado várias vezes de manipular os resultados para favorecer os candidatos da sua predileção política e os partidos que pagavam mais pelas pesquisas. Este passado nebuloso – para dizer o mínimo – talvez explique o otimismo do veterano jornalista Janio de Freitas. Em artigo na Folha deste domingo (21), ele afirma que “a venda do controle do Ibope à inglesa WPP vai sacudir as relações entre meios de comunicação, publicidade e público leitor/ouvinte/espectador”.
Ele lembra os vínculos do instituto com o Grupo Globo, que levaram “muitas emissoras de sucesso do Rio e, depois, também de São Paulo a se insurgirem contra o que seria o sistema de apuração do Ibope. Em vão. É compreensível que, para as mesmas ou para as sucessoras, novos donos possam significar novas perspectivas”. A conferir!
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