"Nos últimos 40 anos, nenhum líder brasileiro teve a vida particular e partidária tão vasculhada quanto Lula, e jamais encontraram acusação válida contra ele", reagiu o Instituto Lula, sobre as recentes tentativas de envolvimento do ex-presidente no esquema de corrupção da Petrobras.
Para a entidade, que vem respondendo a todas as acusações contra Luiz Inácio Lula da Silva, "não será investigando um apartamento – que nem mesmo lhe pertence – que vão encontrar uma nódoa em sua vida". "Lula foi preso, sim, mas pela ditadura, porque lutava pela democracia no Brasil e pelos direitos dos trabalhadores", afirmou, em nota oficial.
O Instituto explica que o ex-presidente "nunca escondeu que sua família comprou, a prestações, uma cota da Bancoop, para ter um apartamento onde hoje é o edifício Solaris". "Isso foi declarado ao Fisco e é público desde 2006. Ou seja: pagou dinheiro, não recebeu dinheiro pelo imóvel", frisou.
O ex-presidente, contudo, para adquirir o apartamento, precisaria pagar a diferença entre o valor da cota e o valor do imóvel, seguindo as modificações e acréscimos ao projeto original. A família de Lula optou por não exercer esse direito. Dessa forma, desistiu da efetivação da aquisição do triplex. As informações foram amplamente divulgadas à época.
A nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada na manhã desta quarta-feira (27), tinha como foco investigar a lavagem de dinheiro da empreiteira OAS, por meio de negócios imobiliários para supostamente favorecer o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso desde abril de 2015. Entretanto, indiretamente, a fase também tentou influir possíveis relações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o esquema.
De todos os 15 mandados de busca e apreensão, 6 de prisão temporária e 2 de condução coercitiva, nenhum tinha relação com o ex-presidente Lula. O Jornal GGN mostrou, também, que nas mais de 60 páginas de indícios levantados pela Polícia Federal nessa etapa da Lava Jato, em nenhum momento o nome do ex-presidente é mencionado.
A única possível conexão estava inserida em um diagrama ilustrativo para elencar dúvidas quanto aos reais proprietários de imóveis, sobretudo aqueles cujos donos eram a Murray, empresa apontada como offshore para lavagem de dinheiro proveniente de corrupção da Petrobras, e outros três que estavam registrados em nome da empreiteira OAS, uma das empresas na mira da Operação.
Um desses três apartamentos era o suposto triplex da família de Lula, que foi negociado com a Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), em 2006, conforme explicou a nota do Instituto. O condomínio na praia de Astúrias, no Guarujá foi construído pela Cooperativa, que já foi presidida por Vaccari Neto, e que transferiu o empreendimento para a empreiteira OAS em 2009.
Mais de 50 páginas do documento da Polícia Federal que estimulou e trouxe sustentação para os pedidos de prisões e mandados de buscas e apreensões são dedicadas a outro apartamento: 163-B, de aquisição de Eliana Pinheiro de Freitas, representante da offshore Murray Holginds LLC. Os investigadores teriam indícios de que o imóvel foi resultado de lavagem de dinheiro da offshore, a título de propina pela OAS, em troca de benesses junto aos contratos da Petrobras.
ACESSE AQUI A ÍNTEGRA DO DOCUMENTO DA POLÍCIA FEDERAL
Essas outras 50 páginas, contudo, não tiveram o mesmo destaque nas publicações dos jornais desta quarta e quinta-feira [confira, abaixo]. "Lula não ocultou patrimônio, não recebeu favores, não fez nada ilegal", concluiu a nota oficial da entidade.