Inverno árabe
Geral

Inverno árabe


Rodrigo Constantino

A ficha caiu para muitos agora: a comemoração com a "Primavera Árabe" foi muito precipitada. Esqueceram que a democracia não é criada em um passe de mágica, e que sem os devidos pilares institucionais, ela pode desandar facilmente. O editorial do GLOBO constata: 

Pode-se dizer que a experiência, no Egito, não foi bem-sucedida. A Irmandade Muçulmana, organização islamista, preencheu espaços quando o Exército foi forçado a sair de cena. Um representante dela, Mohamed Mursi, elegeu-se presidente. A democratização é uma das grandes aspirações de boa parte do povo egípcio, mas Mursi não esteve à altura. Mostrou-se mais preocupado em seguir a cartilha da Irmandade rumo à islamização do que em buscar apoio político para governar e lidar com a crise econômica. Quando as multidões voltaram à Praça Tahrir, agora para pedir a saída de Mursi, o Exército se inquietou.

O que muitos "especialistas" ignoravam durante aqueles dias de fúria nas ruas árabes, é que a maioria islâmica pode desejar impor, via voto que seja, a sharia, uma "ditadura da maioria" calcada em sua religião. O mesmo risco e a mesma tendência ocorreu na Tunísia, como mostra o editorial:

Na Tunísia, onde se iniciou a Primavera Árabe, o partido islâmico local, Ennahda, ganhou as eleições após a derrubada do ditador Ben Ali. E, como no Egito, começou a desagradar a população quando começou a impor a agenda islamizante: foi acusado de tentar dominar o Estado e limitar liberdades já conquistadas pela sociedade. Sob pressão da oposição e protestos nas ruas, ele concordou em dividir o governo com dois partidos seculares. Bom começo.

A pergunta que pouca gente se fez à época da euforia das manifestações populares: quem armou com fuzis aqueles rebeldes? Fuzis não brotam pelo Facebook. Foi essa a mensagem mais cética que tentei levar para reflexão naquele momento, como nessa palestra no Fórum da Liberdade em Porto Alegre, quando tive que substituir Reinaldo Azevedo de última hora:


Acho que são reflexões válidas para os dias de hoje em nosso país também...




- A Mensagem Da ?segunda Tahrir? - DemÉtrio Magnoli
O GLOBO - 18/07 O Exército é a espinha dorsal do Estado egípcio. Os oficiais do grupo de Gamal Abdel Nasser derrubaram a monarquia, em 1952, consolidando a independência, e governaram o país durante seis décadas, moldando uma elite dirigente. A...

- Sem Luz No Caminho - Luiz Felipe Lampreia
O GLOBO - 17/07A deposição do presidente Mohamed Mursi pelo exército egípcio foi o sinal, para muitos, de que as aspirações libertárias da praça Tahrir, em 2010, foram definitivamente enterradas. Afinal, Mursi tinha sido eleito, ainda que por...

- Tamarod - Fried­mann­ Wend­pap
GAZETA DO POVO - PR - 08/07 A palavra de ordem no Egito foi ?rebela-te!? O movimento de rebelião pôs nas ruas mais de 20 milhões de pessoas que pediam democracia, laicidade, liberdade. Ocorre que o presidente Mursi havia sido eleito há um ano e conseguiu...

- A Primavera Árabe
Em dezembro de 2010 um jovem tunisiano, desempregado, ateou fogo ao próprio corpo como manifestação contra as condições de vida no país. Ele não sabia, mas o ato desesperado, que terminou com a própria morte, seria o pontapé inicial...

- Democratas Islâmicos?
Rodrigo Constantino Em artigo de hoje no Estadão, Demétrio Magnoli, quem muito respeito, resgata certo otimismo com os acontecimentos ligados à "Primavera Árabe". Diz o sociólogo: A "segunda Tahrir" revela tanto a vitalidade da revolução...



Geral








.