Geral
Kátia Abreu não gosta de índios
Por Altamiro Borges
Em seu artigo semanal na Folha, a ruralista Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e senadora pelo PSD do Tocantins, voltou a atacar as comunidades indígenas do Brasil. Já virou rotina. O texto intitulado “Dois pesos e duas medidas” tem uma chamada curiosa: “Quando índio invade terra, forças [policiais] não são empregadas; quando há retirada de terra indígena, existe até violência”. Para ela, os latifundiários são vitimas da truculência dos poderes públicos. Coitadinhos! Tão frágeis e indefesos!
Na sua avaliação, os grileiros que invadem terras indígenas são discriminados com base em “discursos ideológicos” e “conveniências políticas, sem que os atores envolvidos se mostrem minimamente ruborizados”. Ela nem fica “ruborizada” com os seus disparates! Historicamente, as comunidades indígenas sempre foram alvo da ambição e da violência dos latifundiários, que contam inclusive com milícias armadas (os famosos jagunços), a cobertura favorável de parte da mídia e a cumplicidade de muitos juízes venais.
Para Kátia Abreu, os ruralistas são injustiçados pelas “comissões de direitos humanos, movimentos sociais, Ouvidoria Agrária Nacional e Funai (Fundação Nacional do Índio)”, que se mobilizam para defender os índios nos casos de desocupação de terras. Ela lamenta que “qualquer uso da força é, de pronto, considerado uma violência arbitrária e desmedida”. Também critica a “mobilização intensiva de aparatos policiais, com demonstrações explícitas de violência”, contra os grileiros que ocupam ilegalmente as terras indígenas.
Marota, ela tenta utilizar a situação de pequenos agricultores, que ocupam reservas indígenas, para defender os interesses dos grandes proprietários. “Muitos agricultores se queixaram do tratamento desumano. Onde, aliás, estavam a Ordem dos Advogados do Brasil, a Ouvidoria Agrária e outras entidades que enchem a boca ao falar de direitos humanos?”, pergunta a líder dos ruralistas. Kátia Abreu omite que o maior inimigo do pequeno camponês é o próprio latifúndio, que o expulsa da terra e ainda explora o trabalho escravo.
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