LIZ TAYLOR, A DOS OLHOS VIOLETAS
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LIZ TAYLOR, A DOS OLHOS VIOLETAS


Fazia tempo que Elizabeth Taylor, que morreu ontem aos 79 anos, não filmava e só era conhecida por sua vida pessoal – sua excêntrica amizade com Michael Jackson, seu fascínio por diamantes (que eu sempre achei a maior besteira, mas é que eu não só não acho joias bonitas, como ainda as acho cafonas e inúteis), seu envolvimento na campanha contra a Aids. Mas na realidade eu nunca fui muito interessada na sua vida pessoal. Eu e todo mundo sabíamos dos seus oito casamentos (e eu sempre me perguntava: por que alguém quer se casar tantas vezes? Não é possível só namorar mesmo, morar junto?). Achava interessante ela ter se casado duas vezes com o grande ator que foi o Richard Burton, e sei dessas fofoquinhas inconsequentes como ela ter "tirado" (muitas aspas aí) o Eddie Fisher da Debbie Reynolds (Eddie e Debbie são pais da Carrie Fisher, a princesa Léa de Guerra nas Estrelas; eu sou um poço de cultura inútil). Aí, na década de 80, lembro de Liz ter casado com um caminhoneiro e se separado pouco depois. Era o tipo de coisa que saía na revista Manchete.
Lembro que todo mundo falava dos seus olhos violeta, e eu sempre tentava ver se os olhos eram mesmo dessa cor (acho que eram sim, não eram azuis, eram diferentes). Eu a achava bonita mas de um jeito comum, não uma Ava Gardner. Aí uma vez eu fiz um curso de roteiro de cinema com o cineasta Ícaro Martins (de O Olho Mágico do Amor), e a gente ficou um tempão discutindo se a Elizabeth era ou não uma grande atriz. Não sei por que discutimos isso, mas a nossa conclusão foi que ela era, sim. Das grandes.
Um pouquinho subestimada, claro. Cleópatra foi um dos filmes mais caros de todos os tempos, fracassou na bilheteria, e Liz foi culpada por isso. E seu primeiro Oscar foi meio uma premiação de piedade, por ela estar doente. Disque Butterfield 8 não tem nada de memorável. Mas pô, ela fez Quem Tem Medo de Virginia Woolf! Ela era muito nova pro papel de mulher de meia idade que tem um relacionamento um tanto doentio com o marido, mas mesmo assim esteve excepcional. O elenco todo (os quatro) é incrível, a peça de Edward Albee é o máximo, mas pra mim Liz é a alma do filme. Esse seu segundo Oscar em 66 foi mais que merecido.
E ela fez dois filmes baseados em peças de Tennessee Williams, dois papéis difíceis: Gata em Teto de Zinco Quente, suspeitando que seu marido Paul Newman é homossexual, e De Repente No Último Verão (55). Tudo bem que Maggie the Cat em Gata é um grande papel pra qualquer atriz mas, por mais que eu ame Williams de paixão, De Repente é um pouco trash, muito over, vai. Eu adoro a peça e o filme. Só que a história de uma moça que vê seu marido gay sendo comido vivo por jovens e depois é ameaçada de ser lobotomizada pela sogra é rocambolesca demais.
De Assim Caminha a Humanidade ninguém se lembra de nada além do James Dean. Mesmo assim, Liz está ótima em Um Lugar ao Sol, um grande filme em que seria fácil ela desaparecer diante de papéis mais suculentos, como o da Shelley Winters e do protagonista Montgomery Clift.
Não se pode esquecer que Liz foi uma atriz mirim, do tipo que vê sua carreira deslanchar tão rapidamente quanto sumir (Jodie Foster é exceção, não a regra). Lembro dela em Lassie e naquele um com cavalos, National Velvet. E nessas besteirinhas que são O Pai da Noiva (1950). Ah sim, e No Caminho dos Elefantes, isso porque eu via o Cinemania com o Wilson Cunha.
Esqueci quase tudo de A Megera Domada e, do ousado mas não muito bom O Pecado de Todos Nós só me vem à mente o Marlon Brando. E acho que o último filme que vi com ela foi sua breve aparição nos Flintstones, em 94.
Ela era um símbolo de uma era de Hollywood que morreu faz tempo. E o incrível é que, apesar de sua saúde frágil, ela enterrou todas as lendas vivas com quem contracenou: James Dean, Montgomery Clift, Rock Hudson, Richard Burton, Marlon Brando, Paul Newman... Não vou dizer que ela foi a última diva de um tempo que não volta mais porque Lauren Bacall (e a própria Debbie Reynolds) ainda vive. Mas sem dúvida Liz é um mito.




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