Por Altamiro BorgesNo início da noite deste domingo (4), o ministro Carlos Lupi, do Trabalho, entregou uma carta com seu pedido de demissão do cargo. Ele não agüentou o linchamento midiático, iniciado em 9 de novembro pela revista Veja – sempre ela no papel mais sinistro da operação “derruba-ministro”. Na curta mensagem, o presidente licenciado do PDT afirma que foi vítima da perseguição midiática (leia abaixo).
Segundo a secretaria de imprensa do Palácio do Planalto, a presidenta Dilma Rousseff “aceitou” o seu pedido de demissão. Paulo Roberto dos Santos, atual secretário executivo da pasta, assume o cargo de ministro em caráter interino. O PDT deve se reunir nesta segunda-feira para tratar do traumático episódio e para definir a sua participação no governo federal.
A loteria macabra da mídiaEste é o sétimo ministro do governo Dilma Rousseff a cair em menos de um ano de mandato – um recorde na história recente do país. Pela ordem, já foram fuzilados: Antônio Palocci (Fazenda), Alfredo Nascimento (Transportes), Nelson Jobim (Defesa), Pedro Novais (Turismo), Wagner Rossi (Turismo), Orlando Silva (Esporte) e, agora, Carlos Lupi (Trabalho).
Cumprida mais uma etapa da operação derruba-ministro, a mídia demotucana já faz as suas apostas na loteria macabra para saber que será a próxima vítima. Três nomes aparecem no noticiário da chamada grande imprensa.
1- O mais vulnerável é o ministro das Cidades, Mário Negromonte, do PP. O tiroteio contra Lupi o deixou fora do alvo por alguns dias. Ele é acusado pela mídia de ter adulterado um projeto de transporte para obras da Copa de 2014. Na próxima semana, dia 8, ele será ouvido no Senado, conforme solicitação do senador tucano Álvaro Dias, uma dos mais exaltados com a onda denuncista.
2- Neste sábado (3), o jornal O Globo incluiu o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, na lista macabra. Acusou o petista mineiro de tráfico de influência em licitações da prefeitura de Belo Horizonte (MG). Segundo o excitado Estadão, “a presidente Dilma já ordenou que o ministro detalhasse a sua atuação como consultor empresarial”.
3- O terceiro da lista é o mais explosivo. Líderes tucanos têm insinuado que Guido Mantega, do estratégico Ministério da Fazenda, teria interferido na operação de socorro ao Banco Panamericano. A Folha deste domingo, com seu típico terrorismo, reforça este coro da direita. Afirma que a Caixa Econômica Federal sabia dos desvios do banco de Silvio Santos antes de comprá-lo.
Faça as suas apostasQuem será a próxima vítima? Faça as suas apostas. O ex-líder de FHC, o rancoroso Arthur Virgílio, já especula sobre a queda de Guido Mantega, o que seria um golpe duro no governo de Dilma Rousseff. Num artigo para o sítio Brasil 247, ele escreveu que “o mercado começa a temer o eventual envolvimento de algum membro proeminente da equipe econômica em escândalo”.
Na opinião do derrotado candidato ao Senado do PSDB, a queda deste “membro proeminente... seria abalo bem maior do que os muitos anotados até aqui. O binômio corrupção-inflação suga a energia do governo e prejudica a sociedade. É de se ligar o sinal amarelo”. Ele aposta tudo na via golpista. Especula contra o ministro da Fazenda, mas o seu alvo é a presidenta Dilma Rousseff.
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Nota oficial do ex-ministro Carlos Lupi: Tendo em vista a perseguição política e pessoal da mídia que venho sofrendo há dois meses sem direito de defesa e sem provas; levando em conta a divulgação do parecer da Comissão de Ética da Presidência da República – que também me condenou sumariamente com base neste mesmo noticiário sem me dar direito de defesa -- decidi pedir demissão do cargo que ocupo, em caráter irrevogável.
Faço isto para que o ódio das forças mais reacionárias e conservadoras deste país contra o Trabalhismo não contagie outros setores do Governo.
Foram praticamente cinco anos à frente do Ministério do Trabalho, milhões de empregos gerados, reconhecimento legal das centrais sindicais, qualificação de milhões de trabalhadores e regulamentação do ponto eletrônico para proteger o bom trabalhador e o bom empregador, entre outras realizações.
Saio com a consciência tranquila do dever cumprido, da minha honestidade pessoal e confiante por acreditar que a verdade sempre vence.
Carlos Lupi - Ministro do Trabalho e Emprego
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