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Mais rigor contra más faculdades - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE
CORREIO BRAZILIENSE - 10/10
O sinal vermelho pisca incessantemente no ensino superior brasileiro. Na semana passada, nossa única universidade colocada entre as 200 melhores do mundo, a de São Paulo (USP), passou a figurar no patamar da 226ª à 250ª, conforme o ranking da Times Higher Education para o período 2013-2014. Agora, o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) conferiu notas 1 e 2 (numa escala que vai até 5) a 29,99% de 7.228 cursos avaliados no país, resultado de provas aplicadas a 536 mil estudantes do penúltimo e do último semestre de 1.646 instituições.
Administração, ciências contábeis, ciências econômicas, comunicação social, design, direito, psicologia, relações internacionais, secretariado executivo, turismo, gestão comercial, gestão de recursos humanos, gestão financeira, logística, marketing e processos gerenciais foram os cursos avaliados, sendo 10 de bacharelado de ciências sociais aplicadas, humanas e áreas afins, além de seis de tecnologia. Os números são claros e incontestáveis: um terço deles tem má qualidade. Significa que põem na rua profissionais despreparados, em prejuízo deles mesmos, em primeiro lugar, mas, em última instância, de todo o país.
A deficiência certamente começa de baixo, dos ensinos fundamental e médio, o que não exime de responsabilidade as instituições da ponta de cima do sistema educacional. Tampouco o governo está livre de responder inclusive pela rede privada. Afinal, o Enade, aplicado desde 2004, com foco na avaliação dos conteúdos programáticos dos cursos, precisa ter consequências. Não pode ser reles indicador de qualidade. Se faculdades comprovadamente insatisfatórias continuam abertas, sem que ao menos a oferta de vagas seja limitada e o vestibular, suspenso, o Estado é omisso.
E a omissão sai cara. Cursos insatisfatórios são indústria de perpetuação da pobreza. Gasta-se tempo e dinheiro sem que se tenha condições de chegar a lugar algum. Se o ensino é precário, portanto, uma providência imediata deve ser o corte do Fundo de Financiamento Estudantil para novas matrículas. Programa do Ministério da Educação, o Fies apenas deve contemplar alunos matriculados em faculdades com nota 3 (regular) a 5 (excelente) no Enade. Eventual desobservância da regra premia a picaretagem e penaliza duplamente o contribuinte, pois o dinheiro dos impostos não retorna à sociedade.
O rigor do MEC não pode, naturalmente, ser menor em relação às unidades da rede pública tidas como insatisfatórias. Em ambos os casos, cabe ao governo, enfim, investigar a fundo as razões de tão elevado número de instituições mal avaliadas. O avanço a ser observar nesta edição do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes é que apenas 1,8% dos referidos cursos não passaram por seu crivo, percentual que chegou a 26,6% em 2009. Por sua vez, a distorção dificulta a comparação entre os dois momentos, como o fato de 37,8% terem sido classificadas como regulares e 10,7% de excelência naquele ano, percentuais que subiram, respectivamente, para 43,9% e 24,4% agora.
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