Maluf e o pragmatismo eleitoral
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Maluf e o pragmatismo eleitoral


Por Altamiro Borges

Até domingo, Paulo Maluf era uma figura esquecida pela mídia. Ninguém falava sobre a presença do seu partido, o PP, no governo tucano de São Paulo nem de suas tratativas para apoiar José Serra. De repente, ele virou manchete dos jornalões e destaque nas telinhas. Os "calunistas" da mídia ficaram excitados! Bastou sair na foto junto com Lula e Fernando Haddad, dando apoio ao petista na disputa para a prefeitura paulistana.


A guinada de Maluf revela o grau de pragmatismo que contamina a política brasileira. Ele mesmo justificou sua abrupta mudança teorizando que “não existe mais esquerda e direita”. Puro oportunismo! Na prática, o líder do PP procura viabilizar eleitoralmente sua legenda e cavar mais espaços no concorrido quadro partidário brasileiro – ampliando suas vagas nos palácios do Planalto e dos Bandeirantes!

Guinada de forte impacto

Este pragmatismo tem forte impacto eleitoral. Não é para menos que a decisão de Maluf abalou os vários comandos de campanha – e não apenas o de Fernando Haddad. Conforme registrou o sítio Terra Magazine, o apoio do PP ao petista caiu como bomba no já conflagrado ninho tucano. Vale conferir a reportagem da jornalista Marina Dias:

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O presidente estadual do PP em São Paulo, deputado federal Paulo Maluf, anunciou no início da tarde desta segunda-feira (18) o apoio oficial de seu partido à candidatura de Fernando Haddad à Prefeitura da capital paulista. Enquanto petistas comemoram a aliança, que trará 1 minuto e 35 segundos a mais ao programa eleitoral gratuito do PT, o tucano José Serra culpa Geraldo Alckmin por ter, nas palavras de interlocutores, “deixado Maluf escapar”.

Segundo aliados, que pedem reserva quanto a seus nomes, Serra está “muito irritado” com o governador, que havia garantido o apoio do PP à candidatura tucana. “Serra acha que Alckmin acertou com Maluf para 2014 e não se esforçou muito, digamos assim, para este ano”, explica um cardeal do PSDB. “Ele (Serra) acredita que Alckmin deixou Maluf escapar, não segurou o PSB, e ainda teve a história do PR… o PR foi Kassab que trouxe”, completa.

O grupo paulista do PP estava muito próximo de fechar com Serra, já que integra a base de Alckmin. Essas negociações, porém, começaram a azedar nas últimas semanas, depois que o governador se recusou a ceder a Secretaria de Habitação do Estado ao PP. Por outro lado, Maluf conseguiu emplacar um de seus aliados na Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, cargo negociado com a presidente Dilma pelo ministro da pasta, Aguinaldo Ribeiro (PP).

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O escarcéu da mídia demotucana

O grosso da mídia, por razões óbvias, evita tratar dos traumas no ninho tucano. Prefere fazer escarcéu com os constrangimentos gerados nas hostes petistas. A senadora Marta Suplicy, que não estava lá muita engajada na campanha de Haddad, já disse que não aceita o apoio de Paulo Maluf. A deputada Luiza Erundina, a “vice dos sonhos” do petista, também ameaça deixar a chapa. Já os setores do PT sempre refratários à política de alianças também se dizem chocados com a foto de Lula, Haddad e Maluf.

Do ponto de vista político, a coligação com o PP malufista é um desastre. Ela representa mais uma perda de identidade ideológica e desmotiva a militância petista. Confirma o reinado do pragmatismo exacerbado. Já do ponto de vista eleitoral, ainda é cedo para avaliar o seu impacto. Fernando Haddad ganhou mais um minuto e 35 segundos na rádio e televisão numa campanha que é cada vez mais midiática. O petista também procura superar o patamar do partido nas últimas eleições, atraindo setores de centro e direita.

Pela reação de José Serra e da sua mídia, a jogada foi de alto risco político, mas incomodou. A equação eleitoral não é tão simples assim. Só o tempo dirá se o pragmatismo exacerbado será bem sucedido.




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