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Mantega, ovo e galinha
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
O leitor está desculpado por pensar que errou de lugar ao deparar com o título do comentário. Não se trata de uma receita culinária, mas de economia mesmo. Para variar, o assunto é a verborragia do ministro Guido Mantega, que agride qualquer lógica econômica.
A última do ministro foi em uma entrevista para o jornal Valor, onde ele soltou esta pérola: “Não quero aumentar o BNDES, mas sem ele não teríamos investimento no Brasil”. É isso mesmo. Para Mantega, não haveria investimento no país sem o banco estatal mais querido dos grandes empresários.
Ele explicou melhor seu raciocínio: “O setor privado não gosta disso. Mas eu falo para eles: no dia em que vocês estiverem presentes, emprestando no longo prazo, eu reduzo o BNDES”. Vamos à aula do dia de economia básica para o ministro. Tema: crowding out. O que é isso? Não se trata de nenhum bicho de sete cabeças. Na verdade, é bem simples. Tão simples que uma criança pode compreender, ou até mesmo o nosso ministro.
É o seguinte: quando o governo gasta demais, ele pressiona a taxa de juros e reduz o investimento privado. Em outras palavras: a expansão dos gastos públicos espanta (crowding out) o investimento privado. Para compensar, o governo substitui a função do mercado e empresta dinheiro, a taxas subsidiadas, para os grandes grupos nacionais. Resultado: mais crowdind out ainda.
Portanto, o ministro deveria se perguntar: quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? O BNDES já recebeu mais de R$ 300 bilhões do Tesouro, e seus desembolsos chegam a R$ 150 bilhões por ano. Tudo isso a taxas reais negativas, ou seja, os tomadores pagam menos do que a inflação.
Pergunta do milhão: que banco seria louco a ponto de competir nestas condições? A lógica do ministro é toda invertida. Se o BNDES saísse da frente, e o governo gastasse menos, claro que o mercado ofereceria crédito de longo prazo para investimentos, o que até já acontece, mas em patamar menor por culpa do próprio BNDES e do governo.
O mundo está com abundância de capital e ausência de retorno. Claro que há interesse em emprestar para bons devedores com bons projetos de investimento. O problema é o custo Brasil, e a concorrência desleal com o BNDES. Logo, reduza o BNDES e o custo Brasil, que o setor privado estará totalmente presente. O ovo vem antes da galinha, ministro!
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