Mantega merecia respeito na sua saída
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Mantega merecia respeito na sua saída


Por Renato Rovai, em seu blog:

Guido Mantega deixou o governo de forma melancólica após 12 anos ininterruptos atuando na área econômica. Primeiro, como ministro do Planejamento; depois, como presidente do BNDES, e desde 27 de março de 2006 como ministro da Fazenda, o mais longevo da história democrática brasileira.

Nos últimos tempos, se tornou alvo de empresários e banqueiros e passou a ser tratado como responsável por todas os problemas da economia do país, que de fato existem, mas são muito menores do que os de outras bandas.

A questão que parece ter sido definitiva para esse mal estar com o ex-ministro foi a tentativa que o país fez de baixar os juros em meados de 2012, quando a taxa chegou a 7,5%, o que levava o juro real a menos de 2%, já que a inflação de 2012 fechou em 5,84%.

Esse momento da história econômica brasileira ainda precisa ser melhor contado. Ali, o governo realizou uma das maiores ousadias do ponto de vista da ação do Estado para enfrentar o rentismo. E foi bombardeado pela mídia, sempre fiel aos banqueiros, mas também pelos setores produtivos.

Qual foi o papel de Mantega e de Dilma naquela decisão? O que aconteceu para que depois os juros voltassem com força? Houve erro na condução econômica? Foram os problemas externos que impediram aquele movimento? Custou caro aquilo para o país ou valeu ter tentado?

O fato é que, errada ou não, a diminuição dos juros brasileiros sempre foi defendida por 10 entre cada 10 intelectuais de esquerda, principalmente os da área econômica.

Mas, se naquele episódio que lhe rendeu o ódio eterno dos banqueiros Mantega não foi bem sucedido, em 2008, em meio a mais impactante crise mundial desde a do petróleo, em 1979, o Brasil conseguiu escapar de ser atropelado e perder o rumo. Se naquele momento a opção não tivesse sido pelo mercado interno, provavelmente o governo Lula teria terminado de outra maneira. E Dilma não seria eleita. E quem estava à frente da economia naquele momento era Mantega.

Senão por outros motivos, como o de não fazer jogo duro contra a política de aumento da renda dos mais pobres via salário mínimo e nem ficar entrando no jogo do discurso contrário aos programas sociais, Mantega ao menos poderia ser celebrado pela histórica ação de defesa da economia brasileira naquela crise patrocinada pelo setor financeiro internacional.

Mas o jogo é bruto e isso hoje parece uma vaga lembrança. Não interessa discutir aquele momento histórico. Até porque foi em nome da ortodoxia econômica que aquela crise varreu economias mundo afora. E agora o que se quer é voltar rapidamente a defender a mesma cartilha.




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