MARIDÃO ASSUSTADO
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MARIDÃO ASSUSTADO


Uma cena esquisita gerou um diálogo cheio de referências pop entre o maridão e eu. Ele estava de pé, distraído ao lado de uma cadeira, e eu coloquei um cobertor na cadeira. O maridão se assustou, derrubou os óculos e quase pisou neles, o que me levou a dizer:

- Eu, hein?

- O quê? Você tentou me matar! Jogou uma pedra em cima de mim!

- Amor, primeiro que não foi uma pedra, foi um cobertor. Segundo que eu não joguei, eu pus delicadamente. E terceiro que não foi em cima de você, foi em cima da cadeira, seu exagerado!

- Era isso que você ia alegar pra polícia?

- Era. E eles iam acreditar. Fico imaginando seus amiguinhos do CSI vindo aqui fazer a perícia: “Puxa, mas ele se assustou com um cobertor? E ainda pisou em cima dos próprios óculos? Esse mereceu morrer!”.

- Eu me senti como o Neo do Matrix, se esquivando da bala. Você jogou o cobertor e eu tive que fazer o maior jogo de cintura!

- Isso foi antes ou depois de quase pisar no óculos? Ha, lembrei daquele episódio de Além da Imaginação que você adora! Aquele do último cara na Terra, que adora ler e fica sozinho numa biblioteca, até que ele quebra os óculos.

- Ah, que meiga! Você conhece Além da Imaginação da década de 60!

- Se fosse você aquele último sujeito na Terra, cairia uma pluma perto de você, você se assustaria, derrubaria os óculos e pisaria em cima.

- Não se preocupe, que eu sou muito bom em desviar de pedras.





- DiÁlogos Reciclados
Encontrei num caderno alguns diálogos entre o maridão e eu. Não sei de quando são, mas não devem ser tão antigos, uns dois ou três anos no máximo. Eu os anoto pra não me esquecer deles, mas depois esqueço que os anotei. É Alzheimer precoce....

- Ele É CÍnico
Maridão uns 17 anos atrás, em Buenos Aires. Não sou só eu que envelheci...Com o maridão é assim: eu peço e ele obedece, sem reclamar. Como nesse diálogo iniciado por mim: - Eu preciso te pedir uma coisa. Você vai achar ridículo, mas... - Geralmente...

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Eu me apaixonei por um homem que limpava meus óculos. Desde a primeira vez que nós nos vimos ele limpou meus óculos. Não me deixou limpar num guardanapo, deu um sorriso de canto de boca, limpou com a flanela que ele carregava para seus próprios óculos...

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Eu tirei meus olhos* óculos na hora de conversar e explicar o que eu estava sentindo. Eu sei que foi uma trapaça. Ele continuou de óculos. Eu sei, porque eu uso óculos minha vida quase toda, que foi uma trapaça, foi pra deixar as coisas mais fáceis...

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Dez minutos para acabar o dia que eu passei inteiro pensando em você. E eu espero o relógio como se no próximo dia eu fosse parar de pensar. Como se no dia seguinte nada que eu comer fosse me lembrar você, nada que eu beber, nada que eu falar, nada...



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