Dessa vez, Marina foi flagrada numa mentira de primeira grandeza. E o pior: que vem repetindo há quatro anos.
Marina mentiu descaradamente ao afirmar que votou em favor da CPMF, na contramão de seu partido, que foi contra a lei quando ela foi proposta pela primeira vez, na era tucana.
Os arquivos do Congresso mostram que ela votou contra a lei, em 1995, novamente em 1999, e se absteve em 2002.
Desde que se candidatou à presidente pela primeira vez, em 2010, Marina Silva repete o mantra de que não é oposição nem situação, e que nunca fez oposição pela oposição. E usa o exemplo da CPMF como argumento principal, asseverando que votou a favor da lei, mesmo contra seu partido.
Mentira.
Marina não escolheu a tema à tôa. De fato, o caso da CPMF ilustra como nenhum outro a irresponsabilidade e incoerência que caracterizam a política partidária brasileira (quiçá mundial).
Na década de 90, o PSDB criou a CPMF para financiar a saúde pública. O PT votou contra. Anos depois, quando o PT assumiu o poder, quis manter a CPMF, por razões óbvias, e o PSDB rasgou os argumentos que usara antes, e votou contra.
O mau caratismo do PSDB, no entanto, foi pior.
O principal problema da CPMF era que o imposto vinha sendo desviado para outros fins que não o seu original, de financiar a saúde. Por ocasião da última votação sobre sua prorrogação, contudo, a lei fora aprimorada, com a instauração de mecanismo que impediria esse desvio.
Além disso, a alíquota fora reduzida a um índice ainda menor, e haveria dispositivo para isentar a classe média para baixo.
Mesmo assim, o imposto continuaria gerando mais de R$ 40 bilhões por ano, e ajudaria imensamente a financiar o sempre deficitário sistema público de saúde. Desde sua extinção, em 2007, até hoje, o sumiço do imposto já tirou centenas de bilhões de reais da saúde.
As instituições que combatem a lavagem de dinheiro e a corrupção, como o Ministério Público, a Receita, a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União (CGU) defenderam o imposto, dizendo que ele tinha se tornado uma ferramenta importante de controle de irregularidades financeiras.
Era um sistema perfeito de rastreamento de toda e qualquer movimentação bancária acima de certo valor.
Os governadores, mesmo da oposição, tentaram convencer os senadores da importância do imposto para as saúdes estaduais e municipais.
Não adiantou.
A mídia fez campanha violentíssima contra o imposto e o Senado, que em 2007 ainda era dominado pela oposição, derrubou-o, produzindo uma perigosíssima queda nas finanças da saúde pública brasileira.
Um fator determinante foi uma matéria falaciosa da Globo, publicada no mesmo dia da votação, dizendo que os pobres pagavam mais CPMF que os ricos. Um senador da oposição leu o artigo no alto da tribuna.
Vídeo de Marina, em 2010, explorando uma “contradição” que era a dela mesma:
Na campanha deste ano, Marina repetiu inúmeras vezes a história da CPMF, sempre mentindo.
No debate da Band, realizado há algumas semanas, ela volta a falar que apoiou a CPMF quando o PSDB era governo.
Assista aqui, a mentira de Marina pode ser vista aos 22:30.
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Globo e Veja, no afã de interromper a transferência de votos de Aécio para Marina, também identificaram a mentira de Marina sobre a CPMF.