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Por Antônio de Souza, no blog Viomundo:A direita sabia que Dilma Rousseff (PT) ia ganhar no primeiro turno, como o mercado e os editorialistas da grande imprensa já sinalizavam em letras pequenas nas publicações. Agora, eles estão em festa em cima do cadáver insepulto de Eduardo Campos, pois acham que com Marina levarão a eleição para o segundo turno.
O jornal Estado de S. Paulo dá em manchete o que os tucanos tanto querem: Marina candidata a presidente, desde que ela respeite os acordos regionais.
Ou seja, desde que, em São Paulo, apoie os tucanos Serra para o Senado, em vez de Eduardo Suplicy (PT) (a quem já declarou apoio), e Alckmin para governador.
Que no Paraná, ela apoie o desastroso governo de Beto Richa (PSDB). Assim como os candidatos do agronegócio pelo país afora, além de outros acordos fechados por Eduardo Campos que ainda não são públicos.
O Estadão afirma que o PSB pode definhar sem um nome forte, apesar de setores do PSB avaliarem que outro nome do partido teria algo como 10% e garantiria a sobrevivência e o futuro do partido, já que Marina deve ir para a Rede, tão logo tenha oportunidade, como há tempos anunciou.
A possibilidade da presença de Marina levar a eleição para segundo turno e prejudicar Dilma é um fato já demonstrado pelos números da eleição de 2010, especialmente por diminuir os votos nulos e brancos.
Mas qual será o estrago para os tucanos?
Bem, na hipótese de Marina superar Aécio e ir para o segundo turno, haverá consequências para as eleições de governadores e deputados, podendo enfraquecer ainda mais o PSDB e enterrar qualquer sonho de futura candidatura de Aécio Neves à presidência em 2018.
Marina já declarou voto no senador Suplicy para não se associar a Serra e ao escândalo do propinoduto paulista.
Assim, se ela não fizer campanha para Alckmin e Serra, ela prejudica o duplo palanque montado por Eduardo Campos em favor dos tucanos. O vice de Alckmin é do PSB.
Com Marina no páreo, a eleição no maior colégio eleitoral pode dar vitória a Dilma no primeiro turno, considerando que em 2010 ela teve 21% dos votos no Estado de São Paulo. Atualmente Aécio tem 20% a menos de votos que Serra e deve desidratar mais ainda, perdendo votos para Marina.
Portanto, Marina cria dificuldades para Alckmin, que pode perder votos no final da campanha e levar a eleição para o segundo turno no Estado.
Lembro ainda que Marina proibiu o uso da sua imagem associada a Serra e Alckmin nos comitês de Eduardo Campos.
Já em Minas Gerais a situação é mais dramática. Aécio pode cair e Dilma até superá-lo, tendo em vista que nas últimas eleições presidenciais ela teve 21% dos votos válidos lá.
Isso gera, como efeito secundário, problemas para a candidatura de Pimenta da Veiga que queria crescer no vácuo de Aécio e terá um teto menor. Ainda pode fazer com que o candidato do PSB cresça e leve a eleição para o segundo turno.
No Rio de Janeiro, a entrada de Marina, onde em 2010 ela teve votos na casa de 30%, vai desidratar ainda mais a candidatura de Aécio no Estado. E pode até ajudar Linderberg, visto a aliança com Romário ao Senado.
Isto sem falar que a entrada de Marina fará com que o PSB perca os palanques de candidatos ligados ao agronegócio e ao PMDB, como Ivo Sartori, no Rio Grande do Sul (RS) e Nelson Trad, no Mato Grosso do Sul(MS). Curiosamente Dilma vem crescendo nesses estados. Ainda em Santa Catarina teria de apoiar Paulo Bornhausen (PSB), filho de Jorge Bornhausen ao Senado.
Marina teve um gesto ético, que a grande mídia não teve. O de esperar o enterro de Eduardo Campos para, aí, tratar da sucessão presidencial. Agora enfrentará um enorme desafio: manter a sua coerência política ou, então, se dobrar às pressões tucanas e do agronegócio. A resposta a esses dilemas só teremos na próxima semana.
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