MASCUS, IDIOTAS QUE VIVEM NAS CAVERNAS
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MASCUS, IDIOTAS QUE VIVEM NAS CAVERNAS


Pedi à querida Elis para traduzir um texto curto de Rupert Myers que saiu na revista CQ do Reino Unido no final de dezembro. 
Não é nada de novo. O texto fala de MRAs, os men's rights activists, ou ativistas pelos direitos dos homens, que aqui chamávamos de masculinistas, ou mascus, antes que eu, modéstia à parte, ajudei a tornar o termo tão pejorativo que hoje não há mais mascu no Brasil que tenha coragem de se assumir mascu (mas eles existem, óbvio).
Faz tempo que eu digo isso: o sonho dos mascus não é apenas voltar aos anos 1950. É voltar ao tempo das cavernas. Ou pelo menos à fantasia que eles fazem do que era o tempo das cavernas, quando (segundo eles) os homens podiam usar seus tacapes para nocautear mulheres e arrastá-las para suas cavernas. E lá as mulheres ficariam, cuidando da caverna e da prole, enquanto os machos iam caçar mamutes.
Desnecessário dizer que, se nossos antepassados cavernosos realmente tivessem sido assim machistas, nem eu nem você estaríamos aqui hoje. Nossa espécie simplesmente não teria sobrevivido.

Há um novo grupo global dedicado a retardar mudanças sociais significativas. Eles se escondem por trás da máscara de um avatar online e usam a tecnologia para assediar, ameaçar e silenciar seus alvos. Sua causa? Impedir a tomada de medidas rumo à igualdade entre homens e mulheres. São os "ativistas pelos direitos dos homens".
Cartum mascu: fêmeas não fazem
ideia de quanto sua vida é fácil
O movimento pelos direitos dos homens começa e termina no argumento de que não há desequilíbrio preexistente entre os direitos de homens e mulheres ou de que, se há alguma injustiça, trata-se de um desequilíbrio que prejudica os homens. Isso é travestido como uma série de preocupações, algumas das quais podem parecer muito sensatas, mas que, cumulativamente, acabam por compor um ativismo que é hostil às mulheres, Questões como os direitos dos pais em processos de justiça da família são usadas para promover a nostalgia por um tempo em que os homens tinham as coisas com mais facilidade: eles podiam ter acesso certo a trabalho, poder e status; um tempo anterior ao feminismo. 
A aura de vitimismo adotada por esses ativistas (chamados de MRAs) se estende a criticar o espaço dedicado a falar sobre a mutilação genital feminina em detrimento de uma discussão sobre a circuncisão masculina. Frequentemente, eles negam a existência do que muitas feministas chamam de cultura do estupro, sugerindo que as falhas nos processos relacionados à violência sexual são resultado de uma predominância de falsas acusações de estupro, e não das perspectivas que a sociedade adota com relação ao consentimento.
Quando o fundador do site de ativismo pelos direitos dos homens "A Voice For Men" Paul Elam escreveu um texto intitulado "Vítimas de Billl Cosby? Ou só um monte de vadias drogadas que transam com celebridades?", ele expressou a clara hostilidade contra as mulheres que caracteriza o movimento. Mais de 50 mulheres acusaram Bill Cosby de violência sexual. Ainda assim, Elam opta por defender Cosby. 
Quando Reggie Yates investigou esses homens que acham que o feminismo foi "longe demais" para um documentário da BBC, ele encontrou pessoas que defendiam a legalização do estupro em propriedades privadas, homofóbicos e racistas que defendiam os direitos dos homens, bem como um tsunami de ameaças de morte e estupro voltadas a feministas proeminentes. 
O consenso quase universal quanto aos maus tratos e a desigualdade que as mulheres sofrem vem de dados estatísticos que esses ativistas escolhem ignorar:
· Meninas e mulheres representam cerca de 70% das vítimas do tráfico de pessoas. 
· A ONU estima que 35% das mulheres do mundo inteiro foram vítimas de violência. 
· Menos de uma a cada 30 vítimas de estupro no Reino Unido vê seu agressor ser condenado. 
· Mulheres que trabalham em tempo integral ainda ganham cerca de apenas 77% do que suas contrapartes do sexo masculino. 
Nada disso parece importar aos MRAs, que estão mais preocupados com o que enxergam como o declínio dos homens em uma sociedade que está tentando, lentamente, promover a igualdade das mulheres. Em qualquer análise justa da desigualdade de gênero, os MRAs é que estão se prendendo a um vitimismo que não pode ser justificado. O longo canto da morte de um movimento nostálgico por um passado injusto resultou no abuso odioso de mulheres online e no mundo real. 
Exigimos ser levados a sério
Os negadores do argumento central do feminismo -- de que as mulheres recebem tratamento desigual -- vivem num mundo de negação. Os homens foram capazes de exercer sua dominação física sobre as mulheres, uma capacidade de matá-las e reprimi-las. E isso levou a séculos de desigualdade e opressão. Mas, lentamente, o arco está se inclinando na direção da justiça. Apenas um homem das cavernas, intimidado pelo conceito de igualdade, veria isso como algo ruim.




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