Por Altamiro BorgesNo domingo passado (13), jornalistas da Folha e da Globo foram hostilizados na Avenida Paulista durante a marcha do “Fora Dilma” organizada por vários grupelhos golpistas. Talvez frustrados com a vertiginosa queda na presença, alguns desesperados passaram a culpar a própria mídia pelo fiasco da marcha – logo ela que sempre garantiu os holofotes aos fascistas mirins e é a principal responsável por ter chocado o ovo da serpente do ódio no país. O interessante é que até agora os fanáticos do impeachment, aliados do PSDB, DEM, PPS e SD, não sofreram qualquer condenação das entidades dos barões da mídia.
A Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV (Abert) não emitiram nenhuma nota de repúdio à agressão e de solidariedade aos seus profissionais. Se os jornalistas destes impérios fossem hostilizados por lutadores sociais, indignados com as manipulações midiáticas, a gritaria seria imensa contra os “bolivarianos” que desejam castrar a liberdade de expressão. O silêncio das entidades patronais confirma a cumplicidade com estes grupos fascistas. Revela, também, que os barões da imprensa ainda pretende contar com o serviço sujo destes midiotas.
A complacência com as seitas fascistas fica explícita no tímido registro da Folha sobre o episódio. “Integrantes do MBL (Movimento Brasil Livre) bateram boca com a repórter Fernanda Mena durante a manifestação na Avenida Paulista. O entrevero ocorreu por volta das 11h, quando um caminhão de som do MBL obstruiu a ciclovia e a ciclofaixa de lazer, na altura do Masp. O movimento do veículo provocou gritaria entre ciclistas. Questionado pela Folha, que presenciou o ocorrido, o coordenador nacional do MBL Renan Santos disse, em tom ríspido, que esse era o acordo feito entre o movimento e o comando da PM... A reportagem pediu então que ele se acalmasse. Renan Santos sacou o celular e, filmando a repórter, questionou, aos gritos, se o trabalho era para a prefeitura ou para a Folha".
Ainda segundo o registro, o líder do MBL – grupelho sempre tão paparicado pela Folha – criticou a “cobertura parcial e partidária” do jornal, insinuando que ele “está aqui a serviço da prefeitura” e do petista Fernando Haddad. Haja maluquice! Diante da histeria, a repórter até tentou se afastar. “Mas integrantes do MBL a seguiram e a chamaram de mal-educada. Neste momento, a jornalista, que na semana havia acompanhado ação de divulgação da manifestação do MBL, retrucou: ‘Eu fui até Heliópolis acompanhar panfletagem do MBL, seu otário’. Um dos integrantes do grupo então gritou: ‘A Folha está ofendendo o movimento, gente! A Folha chamou a gente de otários’”. Diante destes fatos deprimentes, o jornal da famiglia Frias ainda encerra o registro com um pedido de desculpa. “A Folha e a jornalista reconhecem que o tratamento dado ao interlocutor foi inadequado, apesar da agressividade demonstrada pelos membros do MBL”. Patético!
Já no caso das agressões à equipe de reportagem da TV Globo, o chefão do jornalismo da emissora, Ali Kamel, parece que preferiu nem se manifestar – talvez como prova de gratidão aos serviços prestados pelos grupelhos fascistas no processo de desestabilização do Brasil. Segundo o Portal Imprensa, repórteres e cinegrafistas da TV Globo e da GloboNews “foram alvos de xingamentos. Algumas pessoas chegaram, inclusive, a atirar moedas, latas e garrafas de cerveja. O repórter José Roberto Burnier, da TV Globo, teve de deixar o local antes do fim dos protestos e uma jornalista da GloboNews acabou sendo atingida por uma lata de cerveja”. Em outra situação, a latinha de cerveja – como uma famosa bolinha de papel – seria transformada num míssil contra a liberdade de expressão!
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