O tio da menina Micaela, 4 anos, morta a pauladas na última terça-feira (19), Marcelo Arcanjo, revelou que o motivo da agressão foi um pote de iogurte que a criança teria pego sem autorização. O crime foi cometido pelo pai e madrasta da criança, no subúrbio do Rio de Janeiro.
Segundo Arcanjo, após agredir a enteada, Joelma Souza da Silva, 43 anos, deu um banho em Micaela e a colocou para dormir. O laudo do Instituto Médico Legal (IML), comprovou que a criança tinha escoriações no rosto, pescoço e pernas. A causa da morte, por sua vez, depende de exames laboratoriais já solicitados.
Em entrevista ao G1, Arcanjo disse que Joelma era agressiva e tinha passagem pela polícia. Ainda segundo ele, a mulher batia no marido, Felipe Ramos, pai de Micaela. "Até o Felipe apanhava da mulher. Todo mundo sabia disso, vários amigos dele me contaram. Ele era muito trabalhador, mas não tinha pulso firme com a mulher", afirmou.
O corpo de Micaela foi encontrado dentro de casa na manhã de terça-feira (19). Os vizinhos ficaram indignados com o crime. Segundo a vizinha Méri Viana, a menina fez aniversário há 15 dias. A criança era querida entre os moradores do bairro, que se juntaram para organizar uma festinha. "Era uma criança adorável", lembrou Méri, em entrevista ao Extra.
O delegado André Leiras contou que a menina tinha marcas de golpes em várias partes do corpo, como cabeça, mãos e membros inferiores, além de estar desnutrida. "Eram tantas lesões que será necessário exame complementar para definir a causa da morte. Em 14 anos de polícia, nunca vi uma cena como essa", disse ele ao G1.
Investigação
Joelma e Felipe vão responder por homicídio qualificado - por meio cruel e por impossibilitar a defesa da vítima - e por fraude processual, por terem alterado a cena do crime.
De acordo com informações do 'Extra', o corpo de Micaela teria sido lavado no banheiro do apartamento para livrá-lo das marcas de sangue. Os suspeitos pretendiam enganar a polícia e fazer todos pensarem que ela morreu de um mau súbito.
A Divisão de Homicídios (DH) descobriu, contudo, que a criança possuía marcas no corpo condizentes com pauladas. A Justiça decretou, nesta quarta-feira (20), as prisões preventivas de Felipe e Joelma. O casal foi levado para o Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, onde permanecerá preso.
A mãe de Micaela, Marlene de Almeida Rocha, prestou depoimento na Divisão de Homicídios (DH) na madrugada desta quarta. Ela contou que, quando Micaela tinha 2 anos, perdeu o emprego e, por isso, a guarda da menina foi transferida para o pai.
Marlene também afirmou que nunca notou marcas de agressão na filha. Ela esteve no Instituto Médico-Legal (IML) para liberar o corpo da menina, mas não quis comentar o caso.
Enterro
A família da criança enfrentou dificuldade para conseguir marcar o enterro de Micaela, no Cemitério de Irajá. O cemitério alegou que não tinha horário disponível, no entanto, após muita discussão, autorizou o sepultamento para esta quinta-feira (21).
"Não queriam liberar o enterro da Micaela hoje porque não tinha vaga. Os funcionários disseram que só havia a possibilidade de enterrá-la na sexta ou no sábado", disse Marcelo ao G1.
A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária informou que o pai e a madrasta da menina foram encaminhados a presídios após terem a prisão preventiva decretada. Joelma encontra-se na Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza e Felipe na Cadeia Pública José Frederico Marques.
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