Por Altamiro BorgesMerval Pereira, o “imortal”, deve se ajoelhar todos os dias diante do altar do “deus-mercado”. Ele ama o capitalismo – em especial, os barões dos bancos, do agronegócio e da indústria. Ele nunca se revoltou contra a demissão de trabalhadores – inclusive dos que se esfolam na Rede Globo, o seu paraíso. Mas, agora, ele está indignado com a “perseguição” desencadeada contra um analista do Santander, que escreveu um texto para os “clientes ricos” do banco que mais se parece com uma peça de campanha eleitoral do tucano Aécio Neves. Em artigo publicado no jornal O Globo nesta quinta-feira (29), ele fuzila a presidenta Dilma Rousseff por ela ter criticado a ingerência indevida – e ilegal - de agiotas contra a economia nacional.
Para ele, “é inaceitável que um governo, qualquer governo, interfira em uma empresa privada impedindo que ela expresse a sua opinião sobre a situação econômica do país... Numa democracia capitalista como a nossa, que ainda não é um ‘capitalismo de Estado’ como o chinês – embora muitos dos que estão no governo sonhem com esse dia –, acusar um banco ou uma financeira de ‘terrorismo eleitoral’, por fazerem uma ligação óbvia entre a reeleição da presidente Dilma e dificuldades na economia, é, isso sim, exercer uma pressão indevida sobre instituições privadas”. O “imortal” chega, inclusive, a justificar as especulações frequentes na Bolsa de Valores, que afetam milhares de negócios e de empregos no país.
Na sua visão fundamentalista de mercado, é natural e saudável a “correspondência entre os resultados das pesquisas eleitorais e os movimentos da Bolsa de Valores: quando Dilma cai, a Bolsa sobe”. Isto não teria analogia com uma “conspiração contra a candidatura governista”, garante o cândido tucano travestido de jornalista. Neste sentido, o Santander não fez nada de errado e está sendo alvo de uma perseguição. “O banco foi forçado a pedir desculpas pela análise enviada a investidores sugerindo que prestassem atenção às pesquisas eleitorais, pois, se a presidente Dilma estancasse a queda de sua popularidade ou a recuperasse, os efeitos imediatos seriam a queda da Bolsa e a desvalorização cambial”.
Merval Pereira também presta solidariedade à consultoria de investimentos Empiricus Research, “que foi acusada pelo PT de campanha eleitoral em favor do candidato oposicionista Aécio Neves, tendo o Tribunal Superior Eleitoral acatado o pedido para que fossem retirados do Google Ads anúncios bem-humorados do tipo ‘Como se proteger de Dilma’ e ‘E se Aécio ganhar’”. O colunista da Rede Globo, que acha que os “abutres” são “bem-humorados”, avalia que o “autoritarismo e intervencionismo governamental” explicam porque “o mercado financeiro rejeita a reeleição da presidente Dilma, prepara-se para enfrentá-la ou comemora a possibilidade de que não se realize. Isso acontece simplesmente porque o mercado é essencialmente um instrumento da democracia”.
Que o digam os sonegadores da Rede Globo!
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