Mídia-bandida e os sonegadores do HSBC
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Mídia-bandida e os sonegadores do HSBC


Por Altamiro Borges

A descoberta de um esquema bilionário de corrupção do HSBC está agitando o mundo. É um dos maiores escândalos do sistema financeiro desde a eclosão das denúncias contra os bancos dos EUA nos anos 1990, que aceleraram a crise do capitalismo. No Brasil, porém, a mídia quase não trata deste assunto. Há várias explicações para esta omissão. A velha mídia está mais preocupada em destruir a Petrobras, na sua incansável campanha pela privatização da estatal, e atacar a presidenta Dilma. Além do fator ideológico e político, ela tem sólidos vínculos com os banqueiros – inclusive depende da sua farta publicidade. Mas podem existir outros motivos menos visíveis. Desde a eclosão do escândalo já se descobriu que o Grupo Clarín, da Argentina, desviou ilegalmente milhões de dólares para o exterior através das maracutaias do HSBC. Será que algum barão da mídia brasileira também está envolvido neste esquema de sonegação?

As primeiras denúncias contra o HSBC surgiram na semana passada. Alguns veículos da imprensa internacional divulgaram que o banco suíço “ajudou” os seus clientes ricos a desviarem bilhões de dólares devidos em impostos através da sua filial em Genebra. As denúncias foram feitas com base no acesso às contas de 106 mil ricaços, vazadas por um ex-funcionário do banco, Hervé Falciani, em 2007. O próprio HSBC já confessou o seu crime e agora é alvo de investigações nos EUA, França, Bélgica e Argentina. Elas confirmam que o banco não apenas fazia vista grossa à evasão de impostos, como também “ajudou ativamente” seus clientes a violarem a lei, enviando orientações por escrito sobre as formas de burlar os tributos.

Diante da gravidade dos vazamentos, obtidos primeiramente pelo jornal francês Le Monde, foi criado um Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) para apurar as denúncias. Ele é constituído pelo jornal The Guardian, a BBC britânica e mais de 45 veículos ao redor do mundo. O ICIJ já concluiu que o banco ajudou empresários, políticos e celebridades midiáticas a sonegarem impostos. Entre outros fatos assustadores, há indícios de que o esquema favoreceu “comerciantes de armas, assistentes de ditadores do Terceiro Mundo, traficantes de diamantes e outros delinquentes internacionais”. Do Brasil, cinco jornalistas integram o consórcio: Angelina Nunes, Amaury Ribeiro Jr., Fernando Rodrigues, Marcelo Soares e Claudio Tognolli.

Nesta terça-feira (10), uma revelação bombástica pode ter assustado os jornalistas investigativos. As apurações comprovaram que os donos do Grupo Clarín – um dos principais impérios midiáticos da América Latina – desviaram mais de US$ 100 milhões para o exterior através do esquema criminoso do HSBC. Dos 4.620 ricaços argentinos envolvidos nas denúncias de sonegação de impostos no país vizinho, os barões da mídia figuram entre os mais ousados – que acham que gozam de total impunidade. “O Grupo Clarín lidera a lista dos argentinos com fundos em Genebra não declarados na Administração Federal de Ingressos Públicos (AFIP)”, revelou a agência estatal de notícias. Será que algum barão da mídia brasileira também está envolvido no esquema criminoso? A Rede Globo, já acusada de sonegação de impostos, tem alguma culpa no cartório? Ela conhece as recomendações, por escrito, do HSBC?

Como aponta a jornalista Patrícia Faermann, do Jornal GGN, é muito estranho o silêncio da mídia brasileira sobre o escândalo da HSBC. “A lista dos nomes de mais de 100 mil correntistas da filial do HSBC em Genebra, que construiu uma indústria de lavagem de dinheiro, intermediada por empresas offshore como forma de fugir da fiscalização dos países de origem, está correndo pelo mundo. Aos poucos, as pessoas e entidades estão sendo reveladas. França, Espanha, Suíça, Dinamarca, Índia, Bélgica, Chile, Argentina e outros países divulgam reportagens detalhadas a cada dia, com novas informações. Menos o Brasil... O ICIJ formou um grupo menor de jornalistas para investigar os documentos do projeto denominado como ‘Swiss Leaks’. Participam todos os países do Consórcio. Do Brasil, Fernando Rodrigues, do UOL, é o único que tem em mãos as apurações dos clientes brasileiros”. Ela apimenta ainda mais suas suspeitas:

“Até o momento, as informações divulgadas pelo ex-repórter da Folha são de que os dados do HSBC indicam 5.549 contas bancárias secretas de brasileiros, entre pessoas físicas e jurídicas, em um saldo total de US$ 7 bilhões. Nenhum nome. Fernando Rodrigues explica que entrou em contato com as autoridades brasileiras para saber se há ilegalidade nessas operações bancárias, ou se os valores foram declarados à Receita. E estaria aguardando a resposta... Essa desculpa não bate com o histórico do jornalista. O fato de divulgar a existência da lista e segurar os nomes dá margem a toda sorte de interpretações”.

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