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Mídia engatilha a arma da PM
Por Alexandre Haubrich, no blog Jornalismo B:
Depois de incitar a violência policial contra jovens que têm se manifestado nas ruas em defesa de um transporte público e de qualidade, os dois maiores jornais do país viram serem agredidos, alvejados e presos alguns jornalistas. A Folha de S. Paulo mudou o tom, depois de, juntamente com o Estadão, ter defendido em editorial ações mais contundentes para conter os protestos. Na quinta-feira, antes da manifestação que terminou em atitudes policiais que remetem diretamente aos anos da Ditadura Militar, Folha e Estadão publicaram editoriais que falaram, respectivamente, em “hora do basta” e “retomar a Paulista”.
A comparação entre as capas da Folha na quinta e na sexta mostram que algo mudou, mas isso nada tem a ver com uma repentina transformação editorial no jornalão paulista. Reflete simplesmente o fato de os ataques policiais terem se voltado de forma contundente também a sete repórteres daquele veículo.
Reprodução Folha de S. PauloAs agressões sofridas pelos jornalistas – um fotógrafo foi alvejado no olho com uma bala de borracha, por conta do que quase certamente perderá a visão – é, também, de responsabilidade dos donos dos jornais que pediram reação forte – eufemismo para violenta – da PM. Se, junto com os policiais, Estado e Prefeitura batem cassetetes e puxam gatilhos contra manifestantes e jornalistas, não podem eximir-se de culpa os que, através da pressão discursiva, erguem os cassetetes e engatilham as armas de fogo. Esse é o verdadeiro papel que cumpre a autoritária e reacionária mídia das elites.
Folha e Estadão em São Paulo, O Globo no Rio de Janeiro, Zero Hora e todo o aparato do Grupo RBS em Porto Alegre, procuram historicamente enfraquecer e atacar das mais diversas formas quaisquer movimentos contestatórios. Todos eles, em maior ou menor medida, apoiaram a Ditadura Militar, e agora urram diariamente para que ações como as daqueles tempos sombrios sejam novamente postas em prática por aparatos policiais militares que em pouco – e cada vez menos – se diferem do que eram entre os anos 1960 e 1980.
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