Por Bepe Damasco, em seu blog:Vale tudo para tentar envolver o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, no escândalo de corrupção que ganhou as manchetes, mais conhecido como Máfia do ISS. De quebra, o PIG age também para livrar a cara de alguns de seus queridinhos, tais como os ex-prefeitos Serra e Kassab. Tanto nas matérias de primeira página da Folha de São Paulo como nas edições do Jornal Nacional dos últimos dias o que se vê são golpes abaixo da linha da cintura nos planos ético e jornalístico.
A manipulação tem o mal disfarçado objetivo de esconder das pessoas a informação essencial : a máfia que recebia propina para cobrar menos ISS dos imóveis só está sendo desbaratada por iniciativa da prefeitura, através do Controladoria Geral do Município, criada na gestão do atual prefeito e inspirada no modelo vitorioso na Controladoria Geral da União, cujos ótimos serviços prestados à administração pública do país dispensam comentários.
Ou seja, sem a decisão irrevogável de Haddad de enfrentar esquemas mafiosos incrustados na estrutura de arrecadação e fiscalização da prefeitura, que nas gestões de José Serra e Kassab nadaram de braçada, não haveria investigação, nem ação do Polícia Federal e tampouco auditores fiscais corruptos presos.
Está certo que de onde menos se espera é que não vem nada mesmo, mas se a velha mídia de direita brasileira ainda se pautasse por um mínimo de critério jornalístico, esse reconhecimento teria de estar no lead (abertura da matéria, na qual constam as informações mais importantes) das reportagens sobre o caso.
No entanto, como fazem política rasteira 24 horas por dia contra o PT, os jornalões, as revistas e a Globo viram no episódio uma excelente oportunidade para, por um lado, tentar varrer de uma vez para debaixo do tapete os casos Siemens e Alston,que envolvem até a medula tucanos de alta plumagem de São Paulo, e, por outro, desgastar uma liderança petista emergente, como o prefeito da maior cidade do país.
E seriam cômicas se não fossem de dar nojo as matérias e "análises" acerca do caso publicadas na Folha de São Paulo de hoje (13), bem como as veiculadas na edição de ontem do Jornal Nacional. A ideia é explorar ao máximo a saída do secretário de governo de Haddad, o vereador petista Antônio Donato. Para o veículo dos Frias, "o caso se volta contra o prefeito" ou "Haddad, que esperava surfar na onda das investigações, acabou arrastado pelo episódio."
Cabe registrar que Donato pediu afastamento para se defender, na Câmara dos Vereadores, das acusações feitas contra ele pelos mafiosos e abortar a cartada dos criminosos, que, com o apoio da velha mídia, pretendem tumultuar as investigações e jogar o problema no colo do prefeito, abalando-o politicamente com este efeito bumerangue.
Vamos imaginar os cenários possíveis para os desdobramentos do caso. É claro que entre as versões dos servidores corruptos, reverberados amplamente pelo oligopólio midiático, e a de Donato, merece muito mais crédito a do ex-secretário, seja pelo seu passado limpo, seja pela razoabilidade da sua denúncia, segundo a qual a máfia teria orquestrado um movimento para envolve-lo no esquema corrupto, com o intuito de confundir as investigações e atingir o prefeito.
Contudo, mesmo se restarem provadas as acusações de que Donato recebeu dinheiro da máfia para suas campanhas eleitorais, ou até mesada, conforme um dos mafiosos, isso não quer dizer, absolutamente, que o escândalo tenha as impressões digitais do Haddad, como tenta fazer crer, explícita ou veladamente, a cobertura partidarizada do PIG.
A postura do prefeito tem sido corretíssima até aqui. É elogiável a determinação de Haddad de ir fundo nas investigações, livrando a cidade de São Paulo desse sorvedouro de dinheiro público, doa a quem doer. Simples assim : se depois de ampla defesa e direito ao contraditório, as investigações concluírem pela culpa de Donato ou qualquer outro auxiliar de Haddad, que se cumpra a lei e se faça valer as punições cabíveis.
Antes disso, porém, é tudo marola mal intencionada contra Haddad e o PT.
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