Por Cadu Amaral, em seu blog:Para encerrar bem o ano de 2013, a autoproclamada “grande imprensa”, solta seus já conhecidos sambas de uma nota só. Além de um provável programa no Fantástico (?) da Globo sobre a mãe de Joaquim Barbosa, que pode ser candidato à presidência em 2014, uma lista com nomes para participarem dos jogos bobocas do Programa do Faustão em que nela aparece Aécio Neves (PSDB) e as equipe são nas cores azul e amarelo. Coincidência?
O canal de tevê fechada GloboNews, em seu programa Painel, apresentado pelo apresentador mais próximo dos EUA no país, William Waack, apresentou um “debate” sobre direita e esquerda.
Como não podia deixar de ser, senão não era a Globo, todos os três “debatedores” eram de direita, entre eles o Reinaldo Azevedo, de Veja. Junte isso ao próprio apresentador e tivemos, por quase cinquenta minutos, quatro pessoas tentando destruir o espectro ideológico de esquerda no Brasil. Se a Globo tive o mínimo de senso de ridículo, ao menos um dos convidados seria de esquerda. Porém pedir o senso de ridículo à Globo é pedir demais. Seja na quantidade que for.
Entre as inúmeras baboseiras que soltavam em rede nacional de tevê fechada, estava a de que “os esquerdista não sabem lidar com a diferença”. Pois é, falaram isso durante um programa para debater direita e esquerda e que só participaram debatedores de direita. Isso sim é saber lidar com as diferenças, não acham?
Outra bobagem ditas pelos “entendedores” de linhas ideológicas foi a de que o Brasil é “um país de esquerdista” e “ser liberal é ser revolucionário”. Seria cômico se não fosse trágico.
O programa Painel, da GloboNews, é a prova material do que disse Márcio Pochmann, da Fundação Perseu Abramo, à revista Fórum, sobre a imprensa no Brasil.
“Os jornais que temos hoje também escrevem para os seus militantes, escrevem o que eles querem ouvir, e por isso esses jornais estão com dificuldades para ampliar o seu número de leitores, é por isso que os jovens não interagem com esses jornais. Mas eles têm um público cativo, e para manter esse público cativo ficam alimentando uma visão que é, a meu ver, insustentável, isso não tem futuro. Estamos assistindo ao fim desse tipo de imprensa. Está em construção uma outra imprensa, uma outra cobertura, que é a coisa digital e isso também está em construção", afirmou Pochmann.
Por essas e outras que a internet vem ganhando o terreno da televisão como mídia mais consumida pelos brasileiros. De acordo com o um estudo realizado pelo IAB Brasil em parceria com a comScore chamado “Brasil Conectado – Hábitos de Consumo de Mídia”. Hoje no país, cerca de 100 milhões de pessoas, 82% dos entrevistados, se informam e se entretém pela internet.
Enquanto que, em 2013, a audiência da Globo foi a pior da História, principalmente de seu principal programa, o Jornal Nacional. Entre 2012 e 2013, a audiência caiu cerca de 18,4%. No acumulado da década, a queda foi de quase 30%. O Fantástico sua horrores para chegar a 20 pontos.
Lógica natural de uma mídia que tenta convencer as pessoas de uma realidade que não existe. Que é extremamente panfletária, mas jura de pés juntos ser imparcial e compromissada com a informação e a verdade factual. Provavelmente por acreditar que seus telespectadores, ouvintes e leitores tenham a capacidade intelectual do personagem de desenho animado Homer Simpson.
Como o próximo ano é eleitoral, a postura da “grande imprensa” deverá ser o mesmo e seguindo o mesmo comportamento sua audiência cairá ainda mais. Ela não é uma grande imprensa, não trata os temas de forma grandiosa, completa, com a finalidade que deveria. Ela é apenas uma imprensa grande, graças inclusive ao golpe de 1964. Mas do jeito que vai, nem uma imprensa grande será mais. E em menos tempo do que se pensa.
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