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Mídia tenta abortar CPI da mídia
Por Altamiro Borges
Há uma intensa movimentação dos monopólios midiáticos para evitar que a CPI do Cachoeira apure também as relações do crime organizado com setores da imprensa. A Operação Monte Carlo da PF já confirmou a existência desta promíscua relação – só entre o editor da Veja, Policarpo Jr., e o mafioso Carlinhos Cachoeira, foram mais de 200 telefonemas, além de jantares sinistros. Neles muita coisa deve ter sido tramada para interferir nos rumos políticos do país e para beneficiar alguns negócios “privados”.
Apesar de todos os indícios, a mídia quer evitar que a CPI investigue a mídia! E ela se articula neste sentido. Na semana passada, o executivo Fábio Barbosa, atual presidente do Grupo Abril, que edita a Veja, e ex-presidente da federação dos banqueiros, esteve em Brasília. Ele visitou várias “autoridades” da República. Nos bastidores, circulou o boato de que o seu único intento foi impedir que o “capo” do império midiático, Roberto Civita, seja convocado por parlamentares para depor na CPI.
Ameaças de retaliação
Segundo reportagem do sítio Brasil 247, outros dois barões da mídia também já entraram em campo, num “pacto” para abortar qualquer risco de investigação. “João Roberto Marinho, da Rede Globo, fez chegar ao Palácio do Planalto a mensagem de que o governo seria retaliado se fossem convocados jornalistas ou empresários de comunicação. Otávio Frias Filho, da Folha, também aderiu ao pacto de não agressão. E este grupo já tem até um representante na CPI. Trata-se do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ)”.
Por coincidência, numa notinha da coluna Painel da Folha, a jornalista Vera Magalhães confirmou a trama. Intitulado “Vacina”, o texto revela: “O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) vai argumentar na CPI, com base no artigo 207 do Código de Processo Penal, que é vedado o depoimento de testemunha que por ofício tenha de manter sigilo, como jornalistas”. Ou seja: os barões da mídia procuram “vacinas” para se proteger!
Editoriais e colunistas amedrontados
Uma leitura mais atenta dos editoriais e dos principais colunistas da chamada grande imprensa confirma o medo. Os mesmos que sempre vibraram com as CPIs, principalmente no governo Lula, agora falam que ela é “precipitada”, “revanchista”, “imprevisível”. Os mesmos que sempre bravatearam sobre o “jornalismo investigativo”, agora fazem de tudo para abortar qualquer investigação sobre as relações da mídia com o crime organizado. A CPI pode ser transformar num processo bastante educativo, elucidativo!
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