Por Altamiro Borges
“Surpreende que desde o mês passado algumas pessoas por precipitação, desinformação ou outro motivo tenham feito previsões sem fundamento”.
“Nesse novo Brasil, aqueles que são sempre do contra estão ficando para trás”.
“Hoje podemos ver como erraram feio os que não acreditaram que era possível crescer e distribuir renda”.
“O Brasil está cada vez maior e imune a ser atingindo por previsões alarmistas”.
Pronunciamento de Dilma Rousseff em cadeia nacional de rádio e televisão.
A presidenta não deu nome aos bois, mas o recado foi direto para os “pessimistas” e “alarmistas” da mídia golpista e seus papagaios (ou tucanos?) da direita nativa. Tanto que os jornalões de hoje sentiram a paulada e vestiram a carapuça. O Globo, Estadão e Folha, os três principais diários nacionais, publicaram editoriais magoados e ressentidos. Depois de baterem tanto no governo, prevendo o pior dos mundos, eles agora pedem compaixão. Dá até dó! Ao mesmo tempo, sem perder a pose, eles partem a retaliação.
O Globo choraminga
No maior cinismo, o jornal da famiglia Marinho afirma que “Dilma erra ao explorar energia como tema político”. Mas não foi O Globo que deu manchetes terroristas sobre o risco iminente de apagão no país? Não foi ele que abriu amplos espaços para os alarmistas de plantão – alguns com interesses especulativos no mercado de capitais – para atacar o projeto de redução das contas de luz? Agora, o jornal afirma que “a redução das tarifas é bem-vinda porque aumentará a competitividade do país”. Por que não falou isto antes?
Mas, mesmo acuado, o jornalão não abandona seu partidarismo. Esquecendo-se que apoiou o golpe e a ditadura, ele critica Dilma por ter acusado de “pessimistas e alarmistas — em um tom apelativo, beirando o sentimento de patriotismo a que governos autoritários militares recorriam com frequência — aqueles que revelam preocupação, não infundada, com o setor. A redução dos custos da energia é mérito do governo Dilma. E é demérito continuar explorando politicamente a questão, que não se equaciona com bravatas”.
Estadão e Folha estrebucham
Já o Estadão também criticou o tom do pronunciamento na TV. “A presidente acaba de fazer o seu primeiro comício para a reeleição... Deixando patente o caráter eleitoral do seu show televisivo, Dilma se referiu à questão de forma a deixar mal os governos tucanos desses Estados. ‘Espero que, em breve, até mesmo aqueles que foram contrários à redução da tarifa venham a concordar com o que estou dizendo’, fingiu exortar, com ar superior”, protestou jornal, que hoje até parece o órgão oficial do PSDB.
Na mesma linha – num discurso repetitivo, típico do pensamento único que impera na mídia nativa –, a Folha também elogiou a queda nas tarifas de energia, mas condenou o “indisfarçável tom eleitoral” da presidente Dilma. “Não há dúvidas quanto aos benefícios que essa medida poderá trazer à economia do país. Para além do alívio no bolso de cada cidadão, diminuir o preço da energia é um passo importante para restaurar parte da competitividade do setor privado brasileiro”. Mas, porém, contudo...
“Permanecem obscuras questões sobre o custo da iniciativa... Em certo sentido, pelo menos uma parcela da redução parece alcançada de forma artificial”. E, pior de tudo, “durante seu pronunciamento de cerca de oito minutos, Dilma Rousseff não tocou nesses pontos. Preferiu, com um triunfalismo que não encontra respaldo na realidade, ressaltar o que seriam os sucessos de seu governo e criticar, com uma agressividade inusual, os que ‘são sempre do contra’”. Como se nota, o pronunciamento doeu nos barões na mídia!
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