Jeremy Morlock , o primeiro dos cinco soldados
americanos acusados de matar civis afegãos por
diversão, em foto sem data divulgada pelo Exército
americano (Foto: AP)
americanos acusados de matar civis afegãos por
diversão, em foto sem data divulgada pelo Exército
americano (Foto: AP)
Um dos cinco soldados americanos acusados de matar civis afegãos por diversão descreve, em um vídeo divulgado pela rede americana ABC nesta segunda-feira (27), como ocorreram as mortes de três afegãos este ano.
Jeremy Morlock, primeiro dos cinco acusados a ser ouvido pela Justiça Militar em Washington, acusa o sargento Calvin Gibbs, chefe de sua unidade, de colocar um granada próxima a um dos corpos dos afegãos para fazer parecer que ele tentou atacar os soldados americanos.
Outros militares já haviam dito a investigadores que Gibbs retirou dedos e outras partes dos corpos dos civis afegãos e que havia feito o mesmo com outros civis mortos no Iraque.
O advogado do militar de 22 anos disse que a confissão do seu cliente não tem validade porque seu cliente estaria sob efeito de medicamentos.
Jeremy Morlock, de Wasilla (Alasca), é um dos cinco militares acusados de assassinatos com premeditação de três afegãos entre janeiro e maio passados, enquanto outros sete são acusados de obstruir uma investigação do caso. Eles negam as acusações.
As audiências com os cinco soldados americanos acusados de matar civis por diversão e, em alguns casos, de ter desmembrado os corpos e conservado os ossos usados em fotografias, começaram a ser examinados nesta segunda pelo Exército americano.
As audiências preliminares, que devem durar várias semanas na base de Lewis-McChord, no estado de Washington, devem determinar se há elementos suficientes para realizar um processo num tribunal militar.
O assunto é potencialmente explosivo para o exército americano, que se esforça para ganhar a confiança da população afegã, em particular na província de Kandahar - reduto dos talibãs -, reduto dos talibãs -, onde os fatos teriam ocorrido há vários meses.
Os soldados serviam em uma base da província de Kandahar (sul do Afeganistão) e faziam parte da 5a. brigada de combate Stryker da segunda divisão de infantaria americana.
Morlock e outros soldados também são acusados de ter surrado um de seus companheiros, para obstruir uma investigação sobre o consumo de haxixe dentro do grupo.
Segundo o expediente da parte acusadora, Morlock "ameaçou matá-lo se mencionasse o uso de haxixe e mostrou dedos extraídos de um cadáver".
Avisos
Os motivos e detalhes em torno dos assassinatos continuam muito imprecisos e as autoridades militares são alvo de acusações segundo as quais estas teriam sido advertidas por tais atrocidades, mas que demoraram a reagir.
Os motivos e detalhes em torno dos assassinatos continuam muito imprecisos e as autoridades militares são alvo de acusações segundo as quais estas teriam sido advertidas por tais atrocidades, mas que demoraram a reagir.
O pai de Adam Winfield, um dos acusados de assassinato, declarou à imprensa americana que seu filho chegou a alertar, através do Facebook, que sua unidade havia matado um civil afegão sem qualquer motivo e pretendiam reincidir. O pai, Christopher Winfield, também afirmou ter avisado as autoridades militares e um parlamentar da Flórida a respeito.
As autoridades acusam outro soldado, Michael Gagnon, de ter conservado o crânio de um cadáver; e acusam um terceiro, Corey Moore, de ter esfaqueado um dos corpos e vários militares de tirar fotos de suas vítimas.
As acusações não foram provadas, mas são graves, declarou o porta-voz do Pentágono, Geoff Morrell.
No dia 19 passado, o jornal "The Washington Post" divulgou documentos do exército e entrevistas com pessoas envolvidas neste caso.
A publicação informou que a brincadeira macabra dos soldados teria começado no último inverno, quando um afegão se aproximou de um soldado na localidade de La Mohammed Kalay.
À medida que o homem se aproximava, o soldado criou tumulto para dar a impressão que estava sob ataque. Seus companheiros abriram fogo e mataram o afegão.
De acordo com o Post, o ataque não provocado aconteceu em 15 de janeiro passado e foi o início de uma série de fatos parecidos, que constituem uma das piores acusações já feitas contra os soldados americanos desde a invasão do país em 2001.
Segundo a publicação, as mortes em questão teriam sido cometidas puramente por esporte por parte de soldados alcoolizados e drogados.
Os soldados envolvidos negam todas as acusações, acrescenta o jornal.
*(Com informações da AP e da France Presse)