Mortalidade infantil e a mídia macabra
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Mortalidade infantil e a mídia macabra


Por Altamiro Borges

Nesta segunda-feira (1), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma informação que merecia manchetes dos jornais. Mas a mídia tucana só dá destaque para as notícias negativas que prejudicam o atual governo, conforme tão bem demonstrou o “Manchetômetro” – o site de monitoramento dos principais veículos “jornalísticos” do país. Segundo o órgão, a mortalidade infantil segue despencando no Brasil. Em 2012, a proporção era de 15,7 óbitos de menores de um ano para cada mil nascidos vivos. Em 2013, este índice nefasto caiu para 15. A redução das mortes, decorrente das políticas públicas implementadas pelo governo federal nos últimos anos, é uma sensível conquista da sociedade.

O Estadão registrou a conquista numa notinha, assinada pela repórter Daniela Amorim. Ela destaca que “o Brasil conseguiu nova redução na taxa de mortalidade infantil na passagem de 2012 para 2013, segundo os dados das Tábuas Completas de Mortalidade do Brasil de 2013, divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A taxa de mortalidade infantil, até um ano de idade, ficou em 15 para cada mil nascidos vivos em 2013. Em 2012, essa proporção era de 15,7 óbitos de menores de um ano para cada mil nascidos vivos. A maior taxa no ano passado foi observada no Maranhão, de 24,7 bebês a cada mil nascidos vivos. O menor resultado foi de Santa Catarina, 10,1 bebês por mil nascidos vivos”.

Não há qualquer menção às politicas públicas adotadas pelos governos Lula e Dilma – em especial, ao programa Bolsa Família, que obriga os seus beneficiários a levarem os menores para consultas médicas periódicas. É não é para menos. O Estadão sempre rechaçou o programa, rotulando-o de “bolsa esmola”. A reportagem também observa que, “entre 2012 e 2013, o Brasil teve aumento na expectativa de vida em todas as idades, principalmente nas faixas iniciais da distribuição, com ênfase nos menores de um ano e com maior intensidade na população masculina”.

Segundo os dados do IBGE, “o Brasil conseguiu poupar mais quatro vidas a cada mil brasileiros adultos na passagem de 2012 para 2013. Houve declínio dos níveis de mortalidade na faixa etária de 15 a 59 anos. Em 2012, a cada mil pessoas que atingiriam os 15 anos, 848 completariam os 60 anos. Em 2013, de mil pessoas com 15 anos, 852 atingiriam os 60 anos, isto é, quatro pessoas a mais em cada mil. Já a expectativa de vida aos 60 anos passou para 21,8 anos em 2013. Ou seja, um brasileiro com 60 anos de idade viveria, em média, até os 81,8 anos, sendo 79,9 anos a média para os homens e 83,5 anos para mulheres”.

É evidente que estes avanços não resolvem os graves problemas sociais brasileiros – na maioria, decorrentes da injusta distribuição de riqueza e renda no país. Como o próprio Estadão enfatiza, sempre na sua ótica seletiva, no Japão a mortalidade infantil é de apenas dois óbitos por mil nascidos vivos. Os programas sociais implantados nos últimos 12 anos amenizaram os problemas sociais e deveriam, por isto mesmo, ter maior destaque na mídia privada. Mas, para avançar ainda mais, seriam necessárias reformas estruturais – como a tributária e a agrária, entre outras. A mídia burguesa, porém, nunca vai apontar esta urgência. Ela já nem dá destaque para os efeitos positivos de meros programas sociais!

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