Cinco dos nove corpos de pessoas assinadas durante a noite de terça-feira (4) e madrugada de quarta-feira (5) já foram identificados pelos familiares, informou o Instituto Médico Legal de Belém (PA). Até o início desta tarde, o IML revelou a identidade de Eduardo Galucio Chaves, 16 anos, Bruno Barroso Gemaque e Alex dos Santos Viana, ambos com 20 anos, Nadson da Costa Araújo e Jean Oscar Ferro dos Santos, que não tiveram idades divulgadas.
À tarde, foram identificados os corpos de Jefferson Cabral dos Reis, de 27 anos, e Márcio Santos Rodrigues, de 21 anos.
A namorada do adolescente Eduardo Chaves, Leonice Viana, disse que estava com o rapaz quando ele foi assassinado. "A gente foi na casa da avó dele, e fomos abordados por várias pessoas encapuzadas. Mandaram eu soltar a mão dele e ir embora. Eu comecei a agarrar ele e me puxaram pelo braço. Foi na hora que aconteceu, que mataram ele", desabafa.
O bombeiro Valmir Fonseca também reconheceu o corpo do filho adotivo Alex dos Santos Viana, que foi assassinado no bairro do Sideral. "Me espantei com o disparo. Foram pra mais de 30 tiros. Os meliantes que fizeram isso passaram de moto", disse.
Nove pessoas foram assassinadas na noite desta terça-feira (4) em seis bairros de Belém, informou o secretário de Segurança Pública do Pará, Luiz Fernandes, em entrevista à imprensa nesta quarta.
Os crimes ocorreram após o cabo da Polícia Militar Antônio Marcos da Silva Figueiredo, 43, ser assassinado a tiros perto da rua onde morava. Os casos estão sendo investigados pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil para verificar a relação entre eles. Pelo menos seis mortes têm características de execução.
O cabo Pet estava afastado por motivos de saúde, porém, ele também era investigado pela polícia por suposto envolvimento em homicídios.
De acordo com informações do presidente da Associação dos Praças do Estado do Pará, sargento Rossicley Silva, o cabo da Rotam Antônio Marcos da Silva Figueiredo foi morto por uma facção criminosa chamada 'Equipe Rex''.
Ao G1/Pará, o sargento informou que uma facção criminosa do bairro do Guamá não aceitou a entrada da 'Equipe Rex' no bairro na ocasião do homicídio do cabo e, por isso, teriam acontecido as outras mortes no local.
As informações foram dadas em coletiva de imprensa realizada pela Ordem dos Advogados do Pará (OAB-PA), com a presença de representantes da Ouvidoria da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará, Comissão de Justiça e Paz da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) e Sindicato dos Jornalistas do Pará.
Rossicley informou que a rivalidade entre as facções foi o que gerou a confusão. 'Existe uma facção criminosa no Guamá e eles não aceitaram [a entrada da Equipe Rex no bairro], então, até parou o tráfico lá. Foi aí que desencadeou a confusão por lá', disse.
Questionado sobre a possibilidade dos crimes terem sido cometidos por policiais, o sargento afirmou que a situação é preocupante, mas que o caso será apurado pela Corregedoria, Ministério Público e Divisão de Homicídios. 'Não se pode dizer que toda vez que tem tiro é culpa da Polícia Militar, se não tem provas ou ninguém viu. Se tem esses serviços públicos, eles devem apurar e dar respostas aceitáveis ou não para a sociedade', informou o Rossicley.
Ainda segundo o sargento, 'não existe uma briga bandido x polícia. Essa briga é entre os bandidos. Os áudios espalhados nas redes sociais não são de policiais e sim de bandidos'. Ele relatou que não há identificação das vítimas, nem informações que confirmem se alguma delas tinha passagem pela polícia.
Segundo a advogada Luanna Tomaz, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/PA, a Ordem dos Advogados e outras instituições estão recebendo diversas denúncias, mas as informações precisam ser apuradas ainda. 'Esse episódio chamou atenção pelo número de mortes em pouco tempo, mas com certeza nós temos visto um índice alarmante de mortes na cidade', relatou a advogada.
Redes sociais
Após a morte do PM, começaram a circular informações nas redes sociais de que estaria ocorrendo uma chacina nos bairros periféricos da cidade, e que dezenas de pessoas já haviam sido mortas. Diversos vídeos e áudios de supostos tiros sendo disparados estão sendo publicados na internet e compartilhados entre moradores de Belém. Uma mensagem de voz chegou a ser compartilhada por meio do aplicativo WhatsApp em que uma pessoa pedia para que moradores do bairro Guamá não saíssem de casa porque um policial havia sido morto e eles iriam fazer uma "limpeza" na área.
A Secretaria de Segurança Pública informou que as informações que circulam nas rede sociais não são verdadeiras, inclusive foram usadas fotos de mortos da boate Kiss dizendo que eram da "chacina" em Belém.
Pânico
O promotor da Justiça Militar Armando Brasil pediu que a população de Belém não se deixasse influenciar por informações exageradas compartilhadas em redes sociais. "A população não deve entrar em pânico. Há muitas pessoas se aproveitando da situação e espalhando boatos pela internet, tentando criar uma situação de caos. São vídeos, áudios e fotos que não têm relação com os fatos ocorridos ontem e que estão sendo forjados para disseminar o pânico", disse Brasil.
Redação QP com informações do G1/Pará/ORM e Agência Pará
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