Nordeste em movimento - ANTÔNIO MÁRCIO BUAINAIN
Geral

Nordeste em movimento - ANTÔNIO MÁRCIO BUAINAIN


O Estado de S.Paulo - 26/11

O Banco do Nordeste tem promovido estudos sobre as perspectivas de desenvolvimento do Nordeste que revelam que a economia regional está em movimento. Sob coordenação de Tania Bacelar e Leonardo Guimarães, possivelmente os economistas na ativa que melhor conhecem o Nordeste, os resultados preliminares indicam que a "região-problema" aos poucos se transforma numa "região com problemas", os mesmos que afligem o País como um todo, embora com intensidade muito mais elevada. Apesar da persistência das disparidades regionais e da concentração da pobreza no Nordeste, já não é possível esconder, nem para manter o justificado e necessário tratamento especial que a região recebe, os novos Nordestes dinâmicos que estão emergindo e que, em muitos casos, já são realidade.

O professor Gustavo Maia Gomes, da UFPE, sintetiza as principais transformações econômicas. Enquanto a agricultura dos cerrados e os polos de irrigação recolocaram a região no mapa do agronegócio brasileiro, a grande indústria regional - simbolizada nas fábricas de automóveis, estaleiros, siderúrgicas e refinarias em construção ou projetadas - está renascendo. Após séculos de concentração no litoral, o dinamismo está atravessando os agrestes e desbravando os sertões, onde cidades de médio porte, povoadas por pequenas e médias empresas, vão se consolidando como hub de negócios que atraem e absorvem a população local que antes migrava para as capitais.

Em muitas cidades do semiárido o setor serviço está se modernizando, puxado pela construção de centros comerciais, expansão da rede de ensino superior e consolidação de polos médicos, entre outras atividades. Novos projetos de mineração estão em curso e têm potencial para movimentar economias locais estagnadas e sem perspectivas. É provável que, em poucos anos, a fotografia do semiárido seja um campo de torres de geração de energia eólica, que se espalham em todos os Estados, com grande potencial de crescimento. Analisados em conjunto, pode-se afirmar, sem incorrer no exagero propagandístico dos governos, que a economia nordestina está sendo revolucionada. Maia Gomes considera que "metade dessa renovação se deve à chegada do capitalismo ao Nordeste e que a outra metade é obra do Estado. Neste caso, os dois não brigam, mas se complementam".

Também não é possível esconder o Nordeste que resiste às mudanças, representado por parte do setor sucroalcooleiro, pelos latifúndios e minifúndios do semiárido, pelo empreguismo público e pelas muitas famílias pobres que vivem das transferências governamentais e compõem a "economia sem produção", no dizer de Maia Gomes. Para ele, "metade dessa mesmice se deve à falta de capitalismo e a outra metade é obra do Estado, que protege os ineficientes e considera a questão social um caso de esmolas. Os governos do bem e os empresários da boquinha não são inimigos. São sócios".

Um dos principais gargalos é a precariedade da infraestrutura, que no Nordeste é ainda mais indigente do que nas demais regiões do País (exceto a Norte). Há anos o governo vem anunciando grandes investimentos em infraestrutura, que deveriam equacionar as deficiências e pôr o País em condições de igualdade para competir com o resto do mundo. Não se discute a extrema relevância das obras em curso para a economia regional, mas Maia Gomes estima que o investimento anual em infraestrutura no Nordeste é pouco mais da metade do que seria necessário, o equivalente a 6% do PIB por ano para manter o projeto de crescimento da região. Segundo ele, "é realmente menos do que muito pouco".

Não parece haver dúvidas sobre qual Nordeste prevalecerá, mas não se pode dar por descontado que o atual ciclo de crescimento se sustente sem ajustes importantes na política pública. A mudança de postura do governo federal em relação à privatização de serviços, construção e operação de infraestrutura é, sem dúvida, a maior novidade e fator de otimismo de que o movimento pode continuar. Mas tiro no pé parece ser um dos esportes preferidos de Brasília. Fiquem atentos!




- Do Mato...para O Concreto
Êxodo Rural Podemos definir êxodo rural como sendo o deslocamento de pessoas da zona rural (campo) para a zona urbana (cidades). Ele ocorre quando os habitantes do campo visam obter condições de vida melhor. Causas Os principais motivos que fazem...

- Uma Nova Ideia Para Desenvolver O Nordeste - MaÍlson Da NÓbrega
REVISTA VEJA Apareceu uma nova ideia para desenvolver o Nordeste. Tem a educação como base e difere radicalmente de políticas anteriores. As primeiras ações em favor da região visavam ao abastecimento de água. O horror da Grande Seca (1877-1879)....

- Nordeste E Sudeste Não Estão Livres Da Crise Hídrica, Diz Meteorologista
A crise hídrica no Sudeste e no Nordeste ainda não terminou, e os reservatórios de água das duas regiões, tanto para abastecimento humano como para geração de energia elétrica, poderão entrar em colapso, no próximo ano, caso a estação chuvosa...

- Em Oito Anos Mais De 500 Escolas Rurais No Piauí Foram Fechadas.
Uma em cada três escolas existente na zona rural do Piauí foi fechada, em um período de oito anos. A informação é de uma pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgada semana passada, e aponta o fechamento de 15.358 escolas...

- Ons Diz Que Energia Foi Restabelecida Em Todas As Capitais Do Nordeste
Ainda pode haver falta de energia em cidades no interior, diz operador. Houve queda de energia de grandes proporções no NE às 15h03, diz Aneel. Do G1, em São Paulo 168 comentáriosA energia...



Geral








.