Do blog de Zé Dirceu:Segue, a olhos nus, pode se dizer que de forma explícita e pública, a marcha de uma bem montada operação da mídia e da oposição para sumir com o aeroporto dos Neves do noticiário e, assim, proteger o candidato do PSDB, da mídia e dos conservadores, ao Planalto, senador Aécio Neves (PSDB-MG). Basta observar a cobertura no final de semana sobre o aeroporto construído pelo então governador de Minas, Aécio (2003-2010), com dinheiro público do Estado, no município de Cláudio (MG).
A IstoÉ desta semana, vejam só, uma revista semanal, só deu uma frase, a do próprio Aécio – “Está tudo explicado já”. Que aliás virou bordão dele. A Veja não sonegou a informação a seus leitores, deu uma matéria de quatro páginas, mas, o foco é mostrar o Aécio vítima. Pois é… Para a revista ele é uma vítima do PT, da campanha do partido contra o tucano, principalmente, pelas acusações que circulam nas redes e na blogosfera independente.
Já o jornalão da família Marinho, O Globo, que nunca deu o caso com destaque, pôs uma pedra em cima no final de semana: nenhuma palavra a respeito. O Estadão, por sua vez, nos dois dias do fim de semana deu meia página em cada um a entrevistas com personalidades que nem o costumam aparecer no noticiário do jornal, como o tio-avô de Aécio, Múcio Tolentino, dono da fazenda em, que o agora candidato a presidente construiu o aeroporto à 6 km da sua própria Fazenda da Mata; e o presidente de uma entidade de classe de Cláudio (MG). Ambos defendendo a construção do aeroporto dos Neves. Claro.
Silêncio de FHCJá o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, embora tenha concedido entrevista à IstoÉ no dia 21 pp, um dia depois da Folha ter denunciado o aeroporto, em sete páginas a ele destinadas pela revista não tocou no caso. Fez o mesmo neste domingo, na página inteira dada a ele pelo Estadão. Vai ver que FHC, ou os veículos de comunicação, ou ambos, consideram dar de presente um aeroporto à família, um mimo de R$ 14 milhões, pago com dinheiro público de Minas, é um negócio de menor importância.
Assim, praticamente só a Folha continua dando o caso. Neste domingo, inclusive, apontou que o QG da campanha Aécio teme o crescimento da rejeição ao tucano (em média, em 17%, de acordo com as últimas pesquisas) depois da divulgação do Aeroporto dos Neves.
O temor, aponta a matéria, levou o QG e assessores tucanos a optarem por operar os desmentidos nas redes sociais, (dai eles chegam aos outros veículos), para que o candidato tucano não se exponha falando a respeito. Nas redes, 80% desaprovaram a atitude de Aécio, de construir o aeroporto da família.
Por que a escolha recaiu nas redes sociaisA estratégia de usar as redes sociais, aponta a Folha, foi bolada, montada e operada por Andréa Neves, irmã do candidato e que comandou por 8 anos a área de comunicação do governo de Minas quando ele foi governador. A opção prioritária desta vez pelas redes é porque a mídia em geral já está com Aécio e cumprirá o papel que sempre cumpriu: o fazer de conta que noticia, mas defendendo o tucano; e, no limite, atribuindo ao PT a denúncia com fins eleitorais ou por pura perseguição dado ao “caráter autoritário” que atribuem ao PT.
Enquanto a imprensa some com o aeroporto da família Neves dos noticiários, Aécio come pastel de feira, ao lado do governador tucano paulista e também candidato à reeleição Geraldo Alckmin. Quer e tenta continuar governador, agora pela 4ª vez. No Rio, em campanha na 6ª feira, e em São Paulo, na companhia de Alckmin, o tucano candidato ao Planalto repetiu o bordão de sua campanha: “a reeleição da presidenta Dilma não gera boas expectativas” para o mercado, o mundo econômico. Coincidência, é a mesma toada de FHC em suas entrevistas!
É, também, a mesma campanha do comunicado do Santander encaminhado a seus 40 mil clientes-Select, os mais ricos. É o que disseram a seus clientes as quatro consultorias arroladas pela Folha no sábado (duas do Brasil, uma dos Estados Unidos, outra do Japão), que fazem relatórios a seus clientes espalhando terrorismo em relação à reeleição da presidenta. É a campanha do caos e aquilo que o presidente do PT, Rui Falcão, tão bem classificou de “terrorismo eleitoral”.
E assim, vejam vocês, um candidato a presidente da República dá de presente à família um aeroporto, paga R$ 14 milhões por ele, com dinheiro público de Minas, e fica por isso mesmo. E outro governador do Estado, em 1983, já havia gasto R$ 30 milhões com este aeroporto. A rota, agora, posar no silêncio, é a mídia sumir com o mimo tão caro (no total, R$ 44 milhões), do noticiário…
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