Geral
O aparelhamento dos fundos - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S.Paulo - 24/05
A disputa eleitoral para dois cargos de diretores e seis de conselheiros da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) tem servido para lançar mais luz sobre o aparelhamento dos fundos de pensão das estatais pelo PT, principalmente, mas também por seus aliados. Informações detalhadas sobre a situação desse fundo, publicadas pelo jornal Valor, mostram como é feita e a que ponto chegou a sua ocupação pelo partido do governo, que, tudo indica, não deve ser diferente da dos demais fundos.
Não contente em controlar a Previ, o PT e a central sindical que controla, a CUT, estenderam sua influência às dezenas de empresas das quais esse fundo é acionista. Um universo variado, que vai de petróleo a indústria aeronáutica, passando por bebidas e alimentos. Foram identificados pelo menos 50 representantes da Previ - petistas e aliados - nos conselhos de administração e fiscalização de 26 dessas empresas. A maioria - 27 - é de filiados do PT, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Esse grupo já representa um terço dos 153 conselheiros das mais de 50 empresas nas quais o fundo tem interesses e, a continuar a marcha da companheirada no ritmo dos últimos anos, vai aumentar ainda mais.
O surgimento de um grupo de oposição à chapa do PT/CUT que disputa a eleição para aqueles cargos tornou possível a manifestação de críticas que ajudam a esclarecer as práticas dos que tomaram de assalto os fundos de pensão. Os oposicionistas querem mudança na escolha dos dirigentes porque, como diz Cecília Garcez, ex-aliada do PT, "o sistema foi flexibilizado para que a experiência como dirigente sindical conte tanto quanto a de ter sido executivo em uma empresa".
A seu ver, alguns dos conselheiros ligados à CUT "não têm a menor preparação para sentar num conselho de grandes empresas privadas". A Previ nega as acusações do grupo de oposição, sustentando que a escolha de conselheiros é feita com base em critérios técnicos e não partidários. Mas a lista de conselheiros levantada pelo Valor - com as ligações sindicais e partidárias de cada um, assim como os nomes das empresas para as quais foram indicados - dá razão à oposição.
Essa questão está longe de ser apenas uma disputa fisiológica, uma luta por cargos e vantagens. Ela é isso também. Basta lembrar que os conselheiros indicados pela Previ são muito bem pagos pela participação nas reuniões a que têm a obrigação de comparecer. Sua remuneração varia de R$ 3 mil a R$ 47 mil, dependendo da empresa. Alega a Previ que para os funcionários da ativa que desempenham aquela função o valor máximo é de R$ 13,9 mil. Convenhamos que mesmo para eles é uma remuneração a que poucos brasileiros podem aspirar, ainda mais para o pouco trabalho que fazem.
Mas o mais importante é a dimensão econômica e política do controle dos fundos das estatais pelo PT. Essas entidades têm um peso enorme na economia do País. O exemplo da Previ, o maior de todos os fundos, é ilustrativo. Para garantir as obrigações que tem com seus 198 mil associados, ela dispõe de ativos estimados em R$ 170 bilhões. O segundo maior, o Petros, dos funcionários da Petrobrás, administra ativos avaliados em R$ 66 bilhões.
Esse caso vem lembrar mais uma vez que o PT tem uma noção aguda e precisa do que é o poder. Não o confunde com suas aparências. Sabe onde ele está de fato - no controle, ao mesmo tempo, dos fundos de pensão e da máquina do Estado. Não quer ser apenas o "partido da boquinha", como o chamou maldosamente o deputado Anthony Garotinho, hoje seu aliado. O fisiologismo, mesmo desenfreado, é pouco. Ele quer muito mais, ainda que ao custo de comprometer, com sua ambição e irresponsabilidade, o desempenho dos fundos de pensão das estatais.
É bom constatar, por isso, que dentro dos próprios fundos, como a Previ, já surge oposição a seus desígnios. Outro exemplo é a recente conquista, por uma chapa de oposição ao grupo PT/CUT, de importantes cargos na direção do Fundo de Pensão da Caixa Econômica Federal (Funcef), o terceiro maior do País.
-
O Mundo Dos Fundos - Bernardo Mello Franco
FOLHA DE SP - 10/05 BRASÍLIA - O Senado ganhou uma oportunidade para mexer num vespeiro que interessa diretamente a milhões de brasileiros. É a CPI dos Fundos de Pensão, que deverá ser instalada nos próximos dias. A comissão foi criada para investigar...
-
Uma Cpi Para Os Fundos - Suely Caldas
O ESTADO DE S.PAULO - 29/03 Os partidos de oposição recolhem assinaturas no Congresso para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai apurar fraudes nos fundos de pensão de estatais, que vêm acumulando déficits bilionários nos últimos...
-
Política Compromete Gestão De Fundos De Estatais - Editorial O Globo
O GLOBO - 08/07 As regras atuais são insuficientes para blindar tais fundos da ingerência política e da influência negativa do corporativismo nas suas decisões Fundos de pensão fechados de empresas estatais estão entre os maiores do setor, entre...
-
Fundos No Vermelho - Editorial O EstadÃo
O Estado de S.Paulo - 13/05 Uma perversa combinação de fatores conjunturais adversos e aplicações financeiras temerárias levaram os fundos de pensão a um déficit sem precedentes da ordem de R$ 22 bilhões. Já o governo, fiel aos seus hábitos...
-
Prejuízo Milionário - Alexandre Rodrigues
O GLOBO - 27/04 Fundo de pensão controlado por sindicalistas ligados ao PT tem perda de até R$ 500 milhões Enquanto a ingerência política mergulha a Petrobras numa das maiores crises de sua História, o fundo de pensão dos funcionários da estatal,...
Geral