O berço e o resto - DENISE ROTHENBURG
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O berço e o resto - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 12/12

Na véspera do congresso do PT, petistas de outros estados registravam os movimentos do ex-presidente Lula no sentido de buscar novas lideranças apenas dentro do diretório paulista, onde ele incensa o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, da mesma forma que alavancou o atual prefeito da capital, Fernando Haddad. Ninguém até agora viu gestos semelhantes em outras unidades da Federação. Por isso, muitos estão com a ideia de que Lula não quer ver o PT paulista perder a primazia do comando partidário nacional para outros estados. Segue assim a filosofia dos sindicalistas, onde a prioridade sempre foi a aldeia. No caso do PT, a aldeia é o berço do partido, São Paulo.

Explica-se aí também a corrida de Lula para a filiação de Josué Alencar, filho do falecido vice-presidente José Alencar, ao PMDB de Minas Gerais. Ali, o empresário passa a servir de contrapeso para evitar o fortalecimento das lideranças petistas do estado, inclusive do ministro de Indústria e Comércio, Fernando Pimentel. Sabe-se hoje que, lideranças fortes do PT, num estado como Minas Gerais, poderiam levar a um deslocamento do eixo de poder petista. Isso Lula não quer. O que vale hoje ali é todo poder à aldeia, no caso, São Paulo.

Em campanha
O atual líder do PT, José Nobre Guimarães, deixa o cargo no ano que vem e já começa a se movimentar para substituir Arlindo Chinaglia (PT-SP) na liderança do governo na Câmara. Em várias reuniões ele tem dito que a articulação do Planalto na Casa é falha.

Pressão total
O alto comando do PT de Minas Gerais baixou em peso na presidência da Confederação Nacional do Transporte (CNT) para um jantar com o senador Clésio Andrade na terça-feira. Foram tentar buscar o apoio do peemedebista para a candidatura de Fernando Pimentel ao governo do estado. Como bom mineiro, Clésio não fechou a porta, mas deixou claro que a prioridade do PMDB é lançar um candidato próprio.

Mãos atadas
O vice-presidente Michel Temer conversou, mas evitou assumir compromissos que permitissem a votação do Orçamento da União. Não quis fechar nada que pudesse ser, posteriormente, desfeito pela presidente Dilma Rousseff.

Conversa dos presidentes
Nas 10 horas de voo dos presidentes até a África do Sul, Lula, de saída, cortou as conversas mais sérias: ?Estamos numa posição em que não podemos censurar ninguém, nem discutir assuntos controversos. Estamos todos representados?. Assim, a conversa foi light. Na ida, a vida de Mandela. Fernando Henrique Cardoso puxou assunto sobre a Academia Brasileira de Letras, da qual é integrante, assim como José Sarney. Dilma, uma amante da literatura, logo se interessou. Lula e Fernando Collor entraram depois.

?O prazo para votação do Orçamento é 17 de dezembro. Falta, entretanto, combinar com os russos, gregos, alemães, enfim, todos? - Lobão Filho (MA), senador e presidente da Comissão Mista de Orçamento, ao comentar as dificuldades de aprovar a lei orçamentária na última semana de funcionamento do Congresso.

Parecia anfitrião/ Quem chegava à casa de Eunício Oliveira na noite de terça-feira via logo na primeira mesa, a principal, o senador Aécio Neves, do PSDB. Sentado ao lado do senador e primo Francisco Dornelles (PP); de Vital do Rêgo, do PMDB; e do ex-deputado Geddel Vieira Lima, ele recebia todos distribuindo simpatia. E não tinha jeito, era passar por ele ou cair na piscina.

Parecia incomodada/ Eis que, de repente, chega a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Ela cumprimenta o senador tucano, mas não consegue esconder a expressão de desconforto. Vai para uma mesa ao fundo. E assim seguiu o jantar. Aécio solto. Ideli com ares de incômodo. Gleisi Hoffmann, entretanto, não passou recibo.

Todo mundo notou/ ?Que o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o da Câmara, Henrique Eduardo Alves, conversaram pouco na festa de confraternização na casa de Eunício Oliveira, na noite de terça-feira. Para completar, os dois fizeram ontem recepções distintas de fim de ano para as bancadas do partido.

Observadores/ Convidado a acompanhar o segundo turno das eleições presidenciais no Chile, no próximo domingo, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Aurélio Mello, designou para a missão o vice-presidente, Dias Toffoli, e o assessor internacional do TSE, o diplomata Tarcísio Costa. Disputam o pleito a ex-presidente Michelle Bachelet e a candidata governista, Evelyn Matthei.




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