O desafio do petróleo - CELSO MING
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O desafio do petróleo - CELSO MING


O Estado de S.Paulo - 16/11

O Brasil deve se tornar o 6.º maior produtor mundial de petróleo até 2035, aponta projeção da Agência Internacional de Energia (AIE) divulgada na última terça-feira (12).

Esses cálculos contam com a produção de 6 milhões de barris (cada um com 159 litros) diários, o equivalente, hoje, às ofertas somadas do Iraque e dos Emirados Árabes Unidos. É uma boa aposta. Mas sobre ela pairam dúvidas quanto à real capacidade de chegar a isso e quanto ao que até lá terá acontecido no mercado global de hidrocarbonetos.

Todos os tipos de energia devem experimentar aumento de demanda até 2035 (veja o gráfico). No entanto, a participação dos combustíveis fósseis no consumo mundial deve cair dos atuais 82% para 76%, diz o relatório da AIE. Em matéria de capa de agosto deste ano, a revista britânica The Economist advertiu que o petróleo está se transformando em "combustível de ontem" e que as projeções da AIE superestimam a demanda real.

Fator determinante neste cenário é a perspectiva de que o maior consumidor mundial de energia, os Estados Unidos, se tornará autossuficiente a partir de 2020, graças à produção de óleo não convencional (tight oil) e de gás de xisto (shale gas). A AIE é mais conservadora nas projeções. Prevê a autossuficiência apenas em 2035.

Basta esse novo dado de mercado para que os interesses dos vendedores de petróleo e gás sejam convulsionados, observa Carlos Assis, especialista em Energia da consultoria Ernst & Young. A partir das estatísticas de importação dos Estados Unidos em 2012, a autossuficiência, qualquer que vier a ser a data em que passasse a acontecer, tiraria 11 milhões de barris diários do mercado. É o equivalente a 11,0% da demanda mundial estimada pela AIE para 2035.

A revolução energética que toma corpo no mundo não para por aí. Contribuirão ainda para a redução da demanda mundial as crescentes pressões dos ambientalistas por motores movidos a eletricidade e a busca intensa por fontes renováveis. "Haverá grande avanço nas energias eólica e solar graças ao maior conhecimento nessas áreas e à importante redução dos custos de produção", observa José de Sá, especialista em Petróleo e Energia da consultoria Bain & Company. A AIE estima que as fontes de energia renováveis na matriz energética mundial devem saltar de 20% em 2011 para 31% em 2035.

Para Edmar Fagundes, professor do Grupo de Economia da Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o avanço das fontes renováveis ainda não significa substituição automática do petróleo. "Enquanto a Europa trabalha pra reduzir a dependência do petróleo, os países do Oriente Médio e da Ásia só aumentam o consumo", pontua ele. Em contrapartida, convém levar em conta que a China detém a maior reserva mundial de xisto que ainda não começou a ser acionada para a produção de gás.

Antes de se tornar um grande fornecedor de petróleo para o mundo, o Brasil precisará investir em média US$ 90 bilhões por ano, estima a AIE. Para Assis, da Ernst & Young, o Brasil também enfrentará forte concorrência de novos projetos de exploração em águas profundas do Golfo do México e da África Ocidental.

Por aí se vê que falta muita coisa. As manifestações que precederam o leilão de Libra preferiam que o Brasil só produza o petróleo para abastecimento próprio. Se for por aí, o tempo do petróleo poderá ter passado e as nossas riquezas terão de permanecer intactas no subsolo.

Não falta apenas uma visão estratégica. Se é para apressar a produção, obviamente será preciso abrir o mercado produtor para outras empresas, porque a Petrobrás já não dá mais conta do que já tem programado. E será preciso rever o estatuto da reserva de mercado para a indústria de fornecedores nacionais de equipamentos, que não está preparada para produzir com a qualidade e os custos exigidos na empreitada.

Confiar somente na competitividade do petróleo brasileiro, no tamanho das reservas do pré-sal e na sua prometida capacidade de produção ainda é pouco e pode custar caro demais.




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