O Estranho Caso do Desaparecimento da Família Gill
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O Estranho Caso do Desaparecimento da Família Gill



Uma das últimas fotos da família. Na imagem, quase todos, menos um dos filhos menores, possivelmente, Osvaldo José, na época - ano 2002, com 9 anos.

ARGENTINA. Aconteceu na província de Entre Rios em 2002. No dia 13 de janeiro daquele ano, um modesto pecuarista, José Rubén Gill (56 anos na época) - apelidado de "o Mencho", acordou muito cedo, amarrou os bezerros e foi ordenhar as vacas. 

Depois, reuniu a família: a mulher, Norma Margarita Gallegos (26 anos) - cozinheira de uma escola rural onde estudavam os filhos do casal, María Ofelia (12 anos), Osvaldo José (9 anos) Sofía Margarita (6 anos) e Carlos Daniel (4 anos). 

Eles tinham um compromisso. Iam à um velório na cidade próxima de Viale. Já era noite quando tomaram o caminho de volta. Até onde se sabe, e já há mais de 10 anos, jamais chegaram em casa, no rancho ou estância de La Candelária, perto do cruzamento das estradas provinciais 32 e 6, cidade de Nogoyá (província de Entre Rios) - uma propriedade do ruralista Alfoso Goette, onde eram colonos. O lugar é conhecido como Crucecitas Séptima.

É um dos casos de desaparecimento mais misteriosos da Argentina, até hoje inexplicado e sem pistas que elucidem qualquer coisa sobre o quê, de fato, aconteceu. Os parentes, que moravam em outra cidade e região, só souberam do sumiço da família Gill quase dois meses depois. 

Questionado, o proprietário do rancho deu uma informação, no mínimo estranha: disse que "os Gill" tinham ido embora durante a noite para estabelecerem-se em outro lugar. Mas a família tinha deixado na casa os móveis, eletrodomésticos e algumas roupas. A mulher, Norma Margarita, sequer passou na escola onde trabalhava para receber o dinheiro ao qual tinha direito.

Os investigadores, então, foram a Santá Fé, província onde residiam os parentes e que, segundo o rancheiro, deveria ser o destino da família em busca de uma situação econômica melhor. Mas lá, ninguém sabia de nada. Desde então o caso continua sem solução sob a responsabilidade do juíz de Nogoyá, Jorge Sebastián Gallino.

As buscas extenderam-se coletando pistas em Córdoba, Corrientes, Chaco e - também, no Paraguai e no Brasil. Infrutíferas. Todavia, as investigações nos principais marcos da ocorrência: marco zero, cidade de Viale, último lugar onde a família foi vista, e um no marco 1, a casa dos Gill, foram praticamente irrelevantes. No rancho e sobre seu proprietário, os policiais pouco averiguaram em termos de busca de pistas.

Todo o processo de apuração do caso foi caracterizado por uma injustificável lentidão. A primeira inspeção, no rancho La Candelária somente foi feita um ano [!] depois da denúncia. A primeira ação de busca, implementada 5 anos depois, em 2007. Ao se completarem sete anos do desaparecimento, só então, foram feitas escavações nas terras do rancho.

Mais tempo se passou até que peritos realizassem uma verificação utilizando o luminol na casa, substância que torna possível detectar vestígios de sangue ainda que tenham sido lavados ou sejam muito antigos. Tudo quê acharam foi uma amostra incompleta, não visível (mas revelada pelo luminol), em uma das paredes. 

A análise indicou apenas que o sangue pertencia a um indivíduo do sexo masculino, insuficiente, em termos de configuração do DNA para que se pudesse estabelecer um padrão de identidade.


O Rancho La Candelária, um lugar isolado.

Nessa mesma época, e somente então, foram examinados os poços, cisternas e terrenos nas montanhas próximas ao rancho.

Dois anos depois, o nome de Rubén Gill e de seus filhos apareceram na lista oficial de beneficiários de subsídios (Asignacíon Universal por Hijo, uma espécie de seguro social). Em seguida o fato foi desmentido pelas autoridades e atribuído a um ...erro do sistema.

Tudo isso suscitou dezenas de hipóteses cogitadas pelo povo e pelas autoridades policiais: uma mudança voluntária, não forçada; um suposto confronto com o dono do rancho, um crime passional e até - um caso de abdução por alienígenas. A verdade porém, jamais foi apurada... e o mistério continua pairando sobre o estranho caso do desaparecimento da família Gill.

FONTES
KABLAN, Paulo. El misterio de la familia desaparecida hace 10 años.
DIARIO POPULAR/ARGENTINA, publicado em 02/09/2012.
[http://www.diariopopular.com.ar/notas/128469-el-misterio-la-familia-desaparecida-hace-10-anos] 
CASO GILL: IPARRAGUIRRE ENTREGÓ AYER AL GOBERNADOR LA CARTA DE VECINOS DE NOGOYÁ
AFP DGITAL/ARGENTINA, (sem data)
[http://www.apfdigital.com.ar/despachos.asp?cod_des=39348]





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