O futuro da revolução bolivariana
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O futuro da revolução bolivariana


Editorial do jornal Brasil de Fato:

Mais uma batalha decisiva está sendo travada na luta dos povos latino-americanos contra o projeto neocolonialista do império estadunidense. No dia 14 de abril os venezuelanos vão às urnas para reafirmar o avanço da revolução bolivariana em curso. A Venezuela passa por um momento de politização avançada em que as classes sociais assumiram a tarefa de pautar o debate de projeto político e de sociedade. De fato, esse é um momento excepcional da história política de qualquer nação.

Fazendo as devidas ressalvas, a grandeza da revolução bolivariana é comparável à epopeia heróica do povo chileno na década de 1970 ou mesmo com a revolução sandinista na Nicarágua que triunfou em 1979. A revolução bolivariana aprendeu muito com estas duas importantes experiências históricas. A via chilena de Allende descuidou-se do aspecto militar, e no momento em que a questão do poder foi colocada predominaram as forças conservadoras. Já na Nicarágua, o imperialismo articulou um cerco contrarevolucionário e jogou a disputa para a luta eleitoral num momento em que o povo nicaraguense passava por profundas dificuldades impostas pela contrarrevolução.

Em resumo, o imperialismo canalizou o desgaste dos anos de guerra contrarrevolucionária na Nicarágua e transferiu o centro da luta de classes para a luta eleitoral, prometendo o fim da guerra.

A derrota eleitoral em 1990 significou a interrupção do processo revolucionário e o retrocesso nas transformações estruturais. A lição disso tudo é que num processo revolucionário as forças populares devem estar preparadas tanto para o aspecto militar como para a dimensão institucional da luta de classes.

A evolução da luta política na Venezuela demonstra que a revolução bolivariana está atenta para estes dois aspectos da luta de classes. Compreendem que a disputa pela hegemonia na sociedade está atrelada às mobilizações de massa e o fortalecimento da organização popular.

A vitória do presidente Nicolás Maduro nas eleições presidenciais do dia 14 de abril consolidará a Venezuela como um polo avançado da luta anti-imperialista na América Latina. Além disso, lançará uma mensagem de esperança para os povos latino-americanos que buscam superar a situação de dependência econômica e de subdesenvolvimento.

Sem dúvida, a concretização da vitória de Maduro acumulará forças para o avanço desse amplo movimento latino-americano que objetiva alcançar a integração regional pautada na soberania nacional, na integração dos povos e na superação das desigualdades sociais.

A força popular demonstrada pela campanha de Maduro desmistifica o discurso da grande mídia, defensora dos interesses imperialistas, no qual o processo revolucionário dependia exclusivamente da condução política do comandante Hugo Chávez.

Na verdade o que temos observado é a intensa mobilização popular e o fortalecimento dos setores democráticos e populares que buscam a concretização das reformas estruturais e do socialismo. Estes setores sairão fortalecidos do processo eleitoral com a vitória de Maduro. Mas é preciso ficar atento, pois as forças conservadoras e reacionárias latino-americanas farão de tudo para impedir a continuidade da revolução bolivariana.

A sociedade Venezuelana tende a polarizar-se cada vez mais, sendo necessário uma força social capaz de impulsionar ainda mais as transformações em curso. O que está em jogo é alteração da correlação de forças em nível continental e, assim, elevar o patamar da luta de classes no continente.

Nesse sentido reafirmamos a declaração do dirigente nacional do MST, João Pedro Stedile: “A batalha que enfrentamos não é apenas uma batalha da Venezuela. É uma batalha da América Latina, que está em disputa por dois projetos, o projeto da burguesia e dos Estados Unidos contra o projeto do povo latinoamericano”.




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