O mundo dará uma força em 2015? - VINICIUS TORRES FREIRE
Geral

O mundo dará uma força em 2015? - VINICIUS TORRES FREIRE


FOLHA DE SP - 15/07


Economia mundial um tico melhor em 2015 decerto não atrapalha, mas a bola está com o Brasil


O ANO QUE VEM será muito difícil para a economia brasileira, parece se tratar de quase um consenso. Curiosamente, a estimativa mediana de crescimento do PIB para 2015 é de 1,5%, muito fraquinho, decerto, mas superior ao 1% previsto para este 2014.

Dada a incerteza sobre qual será o próximo governo e o que será feito da política econômica, a previsão para o ano que vem não vale nem como ficção científica nível "C".

O resto do mundo, em especial as elites burocráticas do mundo rico, insiste porém que 2015 será enfim um ano, vá lá, bom. Ano de "volta à normalidade", medíocre que seja em termos de crescimento, e não importa que o couro dos mais pobres continue a ser esfolado nessa recuperação sempre mais ou menos frustrada, desde 2009. Vai rolar? A "retomada" euroamericana daria uma mãozinha ao Brasil?

Previa-se neste ano que os EUA crescessem 3%, excelente para um país tão rico. Deve crescer uns 2%, ainda ótimo, mas não é disso que se trata aqui. A Europa do euro sairia da recessão, crescendo pouco mais de 1%. Mas embica para pouco menos que isso.

No ano que vem, os Estados Unidos chegariam aos 3%, a eurozona iria a 1,5%, o Japão repetiria algo em torno de 1,7%, assim como a China repetiria seus 7,5%.

Nada mal. Nada muito bom, no que nos diz respeito. O efeito direto do crescimento da economia mundial no Brasil já é pequeno, pois o país negocia pouco com o exterior. A variação do PIB das economias maiores tende a fazer ainda menos efeito devido a problemas domésticos, brasileiros, e ao tipo de crescimento que virá no curto prazo.

Não haverá valorização anormal dos nossos produtos dominantes de exportação --comida e minério. Para piorar, a economia brasileira permanece inflacionada num mundo que, em parte, namora a deflação.

Ou seja, não vamos ganhar mercados em produtos manufaturados, pelo contrário. China e companhia avançam nos nossos clientes. Nossos custos altos e câmbio valorizado reduzem o interesse pelos nossos produtos (importamos mais, de resto). A Europa está com uma gigantesca sobra na capacidade de sua indústria (como não tem demanda lá, consumo, a Europa faz "xepa" dos seus produtos).

Pode-se argumentar que, pelo menos, pior do que agora não vai ficar. Pode ser, a princípio. Ainda há os riscos da transição.

Como se está cansado de saber, haverá mudança na política monetária americana (grosso modo, taxas de juros mais altas). Mudanças desse tipo sempre causaram algum tumulto financeiro mundial ou pelo menos efeitos colaterais em países mais frágeis (com inflação e déficit externo desconfortáveis).

Como se está cansado de especular, a crise europeia não acabou, por qualquer critério que se empregue, mas há o risco de aparecer outro entulho crítico, o de deflação.

Isto é o caso de uma economia tão fria, já com juro zero, com tanto desemprego de trabalho e de capital, com baixíssimo investimento e corte de gasto público, que passa a esfriar ainda mais.

Não quer dizer que estejamos fritos. Caso não sobrevenham tumultos financeiros maiores nos EUA e na Europa, o cenário externo tende a ser meio neutro. Como quase sempre, a bola está conosco.




- Há Tanta Vida E Risco Lá Fora - Vinicius Torres Freire
Folha de S. Paulo - 25/04 Mundo rico demora para decolar, Europa ainda no vermelho pode regredir: isso afeta o Brasil O MUNDO RICO enfim olharia a Grande Recessão pelas costas neste ano de 2014. Pelo menos era a conversa que se ouvia até o início...

- 2014 Pode Ser Melhor - Vinicius Torres Freire
FOLHA DE SP - 29/12 Os problemas de desenvolvimento no Brasil, porém, vão muito além de ter um ano melhorzinho FEITA A SURPRESA, a de um jornalista de economia dizer algo otimista, façamos logo a ressalva antes de continuar: 2014 pode ser melhor do...

- Ventos Do Norte - Editorial Folha De Sp
FOLHA DE SP - 09/09 Ainda fragilizada, economia europeia segue rota de lenta recuperação; dados são melhores nos EUA, que podem ganhar vigor em 2014 Não é por acaso que as taxas de juros de longo prazo sobem na Europa e nos EUA. A perspectiva mais...

- O Que Esperar Quando Se Espera - Vinicius Torres Freire
FOLHA DE SP - 05/09 Com leme quebrado, perspectiva da economia é derivar de acordo com o vento até 2014-15 A ECONOMIA brasileira parece por enquanto um barco pequeno com o leme quebrado, com perdão pela metáfora clichê. Está meio à deriva, a depender...

- A Força Do Dólar - Ilan Goldfajn
O GLOBO - 04/06 De repente, o dólar ganha força. Aprecia-se contra quase todas as moedas do mundo, sem discriminação de localização, tamanho ou grau de desenvolvimento. Pode parecer aleatório; às vezes movimentos rápidos de câmbio não têm...



Geral








.