Por Andre Barcinski, no sítio da Fundação Maurício Grabois:Nenhuma grande surpresa no Oscar. Eu apostava numa divisão dos principais prêmios da noite, mas as vitórias de “o Artista” nas categorias filme, diretor e ator não podem ser consideradas zebras.
Se 2011 não ficará marcado como uma grande safra de filmes, pelo menos será lembrado como o ano em que o abismo entre o Oscar e o público americano tornou-se intransponível. Nunca houve um descompasso tão grande entre o gosto da Academia e o gosto do público.
Quer prova? Dos 40 filmes de maior bilheteria nos Estados Unidos em 2011, apenas um – “Histórias Cruzadas” – foi indicado ao prêmio de melhor filme. Um em 40. Dos dez filmes de maior bilheteria em 2011, apenas um – “Thor” – não é uma continuação. E todos – repito, todos – são filmes que apelam ao público adolescente (veja a lista aqui). Ou seja: o cinema adulto não faz mais sucesso.
Compare isso à década de 60, quando todos os vencedores do Oscar foram sucesso de bilheteria, de “The Apartment” (1960) a “Perdidos na Noite” (1969). Dos campeões de bilheteria de cada ano entre 1960 e 1969, cinco foram indicados ao Oscar de melhor filme: “Lawrence da Arábia” (1962), “Cleópatra” (1963), “Mary Poppins” (1964), “A Noviça Rebelde” (1965) e “Funny Girl” (1968).
Os anos 70 não foram diferentes. Todos os vencedores de Oscar triunfaram na bilheteria: “Patton” (1970), “Operação França” (1971), “O Poderoso Chefão” (1972), “Golpe de Mestre” (1973), “O Poderoso Chefão – Parte 2” (1974), “O Estranho no Ninho” (1975), “Rocky” (1976), “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (1977), “O Franco-Atirador” (1978) e “Kramver vs. Kramer” (1979). Com raríssimas exceções, só filmaços.
Agora, compare isso ao que ocorreu de 1980 para cá: nos últimos 32 anos, apenas três filmes que ganharam o Oscar também foram campeões de bilheteria de seus respectivos anos: “Rain Man” (1988), “Titanic” (1997) e “O Senhor dos Anéis” (2003). O que aconteceu nesse tempo? Como surgiu esse abismo entre o gosto da Academia e o gosto do público?
Uma palavra: “Tubarão”. Não é novidade que o filme de Spielberg mudou a história de Holllywood. Pela primeira vez, executivos perceberam que um filme poderia virar um “franchise”. “Tubarão” foi um dos primeiros filmes a estrear em uma quantidade absurda de salas, e rendeu fortunas com sequências e produtos (para quem quiser se aprofundar no assunto, sugiro ler “Como a Geração Sexo, Drogas e Rock’n’Roll Mudou Hollywood”, grande livro de Peter Biskind sobre o cinema americano dos anos 70).
O que estamos vendo hoje é o auge da infantilização do cinema americano, iniciada com “Tubarão” e impulsionada por George Lucas e “Guerra nas Estrelas”. Então a culpa é de Spielberg e Lucas? Não. Eles simplesmente foram os garotos-propaganda de uma revolução comercial inevitável.
É só ver como a indústria da música, a partir dos anos 80, também descobriu o valor do público juvenil, para perceber que essa busca por um consumidor jovem, extremamente suscetível a propaganda e extremamente fiel, que não se importa de ver duas ou três sequências de seus filmes prediletos, faz todo sentido, se você é executivo e só está interessado em fazer dinheiro.
Enquanto isso, o público adulto migra para as séries de TV e dá mesada para os filhotes se divertirem com a enésima parte de “Harry Potter”. Na prática, os adultos estão pagando para destruir o seu próprio prazer de ir ao cinema.
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