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O país da insegurança - EDITORIAL ZERO HORA
ZERO HORA - 04/11
A morte de um menino de oito anos e de um policial durante tiroteio no fórum de Bangu, no Rio de Janeiro, numa tentativa frustrada de libertação de prisioneiros por uma quadrilha de criminosos, expõe mais uma vez, em dimensão nacional, o clima de insegurança do país. A criança passava na calçada, acompanhada pela avó, quando o grupo de pelo menos oito bandidos cercou e invadiu o local e trocou tiros com os policiais. A reação da avó é emblemática da perplexidade que sobrevive à banalização da violência: ela e o neto não deveriam, disse ela, estar naquele lugar naquele momento. Na verdade, lugares públicos aparentemente seguros passaram a oferecer, em qualquer momento, riscos à população, em metrópoles, cidades médias e em vilarejos.
O que ocorreu no Rio não é mais caso típico de uma capital violenta, onde o Estado se vê constantemente desafiado pelo tráfico. Esse não é mais um cenário urbano das grandes cidades. As estatísticas mostram que a violência, principalmente a que se manifesta em homicídios, não para de crescer. O número de assassinatos no país aumentou 7,6% ano passado em relação a 2011. Foram 50 mil casos.
Confirma-se assim a percepção generalizada de que governos, formuladores de leis e todas as instituições fracassam no combate ao crime. Fracassam na prevenção, na repressão e na investigação policial. Fracassam quando da formalização de indiciamentos pelo Ministério Público. E voltam a fracassar na Justiça, com processos inconclusos e o precário cumprimento das penas.
É compreensível que, ao lado da sensação de insegurança, prospere a certeza de que os responsáveis por todo tipo de violência se protegem na impunidade. No caso do menino assassinado, o governo do Estado determinou, enquanto procurava os invasores do fórum, que os dois traficantes que mobilizaram os comparsas deveriam ser transferidos para um presídio federal. É uma providência óbvia, mas sem maior significado diante do ocorrido. As autoridades deveriam ter evitado o que ocorreu. Numa situação normal, seria inconcebível que um grupo de marginais entrasse atirando num lugar que abriga a Justiça. No Brasil, nenhuma situação nessa área passa pelos parâmetros da normalidade.
A violência é diária e constante: bancos de pequenas cidades do Interior viraram alvo dos assaltantes, não há local seguro para estacionar um carro nas grandes metrópoles, é cada vez mais arriscado sair à noite, supermercados e shoppings são assaltados à luz do dia, o tráfico e o crime organizado atuam livremente até no interior dos presídios. Até quando? As autoridades e as instituições não podem continuar fracassando na busca de respostas.
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