O PECADO DE UMA REVISTA
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O PECADO DE UMA REVISTA


É notícia do mês passado, mas talvez seja importante. A Playboy portuguesa, para homenagear a morte de José Saramago, aprontou uma capa estranha. Colocou Jesus segurando uma mulher seminua numa cama, com a inscrição “O evangelho segundo Jesus Cristo” (um dos livros mais célebres do escritor vencedor do Nobel) na cabeceira. Causou polêmica, lógico, como era a intenção da revista. Vários cristãos do mundo inteiro chiaram. Consequência: a publicação foi fechada. A matriz da Playboy alegou que não foi avisada anteriormente do teor da capa e decidiu rescindir o contrato com sua filial portuguesa. Li algumas pessoas, não sem razão, compararem essa censura (ou tem outro nome?) com aquela onda de violência muçulmana causada pelo cartum dinamarquês de Maomé. Mas o que mais gostei foi ler em algum lugar a descrição de que a moça segurada por Jesus tinha “cara pecaminosa”. Cara pecaminosa?! Ela tá dormindo!
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E vou aproveitar essa notícia pra colocar duas outras anotações que fiz faz tempo sobre a Playboy, mas nunca desenvolvi.
Uma é que o logotipo da Playboy é vendido para meninas em estojos escolares, sabe, como se não significasse absolutamente nada além de um coelhinho estiloso. O logo da Playboy é um dos símbolos mais conhecidos do mundo. Pessoalmente não gosto da revista, não vejo, não leio nem as entrevistas (desculpa comum que o pessoal usa pra comprar o troço). E não acho o logo bonito. E sinto que é anti-ético usá-lo numa “revista adulta” para adornar objetos infantis.
Existe uma ampla discussão se algo como a Playboy é pornografia ou erotismo. Pra muita gente, pornografia é apenas sexo explícito. Outros consideram os vídeos da Playboy “softcore porn”, ao contrário de hardcore. Nem vou entrar nessa discussão. Pra mim, Playboy e similares objetificam as mulheres, mas pelo menos não são misóginas como a maior parte da pornografia hardcore. Hoje em dia, a Playboy é tão bobinha se comparada com outros tipos de pornografia que ninguém nem se espanta que estojos com o logotipo da coelhinha sejam vendidos pra meninas de 11 anos. Mas a gente não fica revoltada que outras marcas, como o McDonald's (pra não falar da indústria tabagista), aliciam crianças com brinquedinhos, parques e símbolos infantis? É claro que elas fazem isso pra formar uma grande clientela. Há grandes chances de uma pessoa que vira cliente quando criança tornar-se consumidor fiel pra vida toda. E é também mais fácil fisgar crianças para um produto duvidoso. Meninas crescendo com a ideia que o logo da Playboy e, consequentemente, o império inteiro de Hugh Hefner, é algo cool, me parece bem perigoso. Já é péssimo que meninas tenham top models como role models e sonhem em ser a próxima Giselle. Agora vão querer crescer pra ser a próxima playmate do mês?
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Este artigo sobre a decadência da Playboy, relacionada à decadência do Hugh Hefner, é do ótimo Jezebel, um site que mistura feminismo com celebridade e cultura pop (muitas vezes, americana demais pro meu gosto). As vendas da Playboy tem caído muito, há rumores que ela está pra ser vendida, e a distribuição gratuita para os anunciantes foi cortada dos 2,6 milhões para 1,5 mi. A meu ver, a revista não é só machista como também elitista e, a julgar pelas pouquíssimas negras, racista. Mas isso tudo normalmente anda junto.
Aparentemente, Hefner defende o direito das mulheres abortarem e a igualdade de gêneros. Jezebel diz que isso é importante, “Mas liberdade sexual para Hefner ainda é liberdade dos homens para olhar para as mulheres, e essa é uma forma bastante estreita acerca da sexualidade humana e de como combater a repressão. Sou totalmente a favor do direito das mulheres poderem usar minissaia, mas o fato de os caras poderem ver as nossas pernas não significa necessariamente que estamos sexualmente realizadas, e a existência de uma revista pornô leve não ajuda muito as mulheres”.
Não sei exatamente como ligar as três notinhas. Deixo esse trabalho pra vocês.




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