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O tal bilhete premiado - PLÁCIDO FERNANDES VIEIRA
CORREIO BRAZILIENSE - 17/01
Queria trazer boas notícias. Mas 2016 começa muito mal. E todas as sinalizações são de um ano terrível para os brasileiros. Na Saúde, encerramos a semana passada com levantamento mostrando que o aumento no número de casos de dengue foi recorde no país em 2015. O Sudeste, a região mais rica do país, encabeça as estatísticas negativas. Mais preocupante é saber, pelas medidas do governo e a fria análise dos fatos, que a tendência é piorar.
Enquanto a população sofre com hospitais públicos sucateados e a falta de atendimento médico, a presidente Dilma parece empenhada apenas em tentar salvar a própria pele do impeachment. Os cortes no orçamento da saúde e da educação - e o uso de R$ 55,8 bilhões pelo Tesouro Nacional para pagamento das pedaladas fiscais - são uma prova disso. Outra, ainda mais escabrosa e com a cumplicidade do Congresso Nacional, é o repasse de R$ 818 milhões para o Fundo Partidário. Inicialmente, na proposta do governo, estava previsto o valor de R$ 311 milhões. Há, ainda, outros R$ 9 bilhões em emendas para os parlamentares "investirem" em obras em seus redutos eleitorais.
Ora, destinar uma dinheirama dessas para proselitismo político, com o país em profunda recessão, é um escárnio monumental. O brasileiro, que paga imposto como se vivesse no primeiro mundo e recebe em troca serviços públicos entre os piores do terceiro, não merece ver cinco meses de salários serem tão mal-empregados. Deus do Céu! É inaceitável: o Brasil está cortando verba da Educação, da Saúde, da Polícia Federal - para atrapalhar as investigações da Lava-Jato? - e de investimentos cruciais para o país e, ao mesmo tempo, destinando mais recursos para partidos políticos!
Mais grave ainda é ver tudo isso acontecer diante do crescimento recorde do desemprego e de uma população que parece incapaz de reagir. Impera o silêncio sepulcral até mesmo quando a presidente vem a público dizer que a saída para a crise passa pela criação de novo imposto, a CPMF. Os assalariados do país são uma espécie de escravos modernos. Ganham cada vez menos e trabalham cada vez para sustentar uma organização criminosa que reduziu a Petrobras- o tal bilhete premiado de Lula -, a um poço sem fundo de corrupção, disseminou-se nas entranhas do Estado e não poupa sequer o dinheiro da merenda das criancinhas.
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