Por Altamiro BorgesNesta terça-feira, 15 de novembro, Dia da Proclamação da República, estão previstas manifestações em 36 cidades brasileiras na terceira edição da chamada “marcha contra a corrupção” – o primeiro protestou ocorreu em 7 de setembro e o segundo em 12 de outubro. A exemplo dos anteriores, os objetivos da marcha são genéricos e seus promotores são difusos, diversificados.
Em alguns estados, como em São Paulo, a “marcha” conta desde o início com o apoio da Juventude do PSDB. No twitter, caciques demotucanos, mais sujos do que pau de galinheiro, procuram direcionar os protestos contra o governo Dilma na atual operação “derruba-ministro”. Na maioria dos locais, porém, a marcha é agitada nas redes sociais por pessoas que se dizem apartidárias.
R$ 1,5 milhão dos cofres públicosEntre as entidades que assumem abertamente a convocação da marcha encontra-se a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Na semana passada, porém, apareceu uma denúncia que pode complicar o engajamento desta entidade, que já teve no passado um papel de destaque nas lutas por democracia e justiça social. De quebra, o escândalo pode abalar alguns planos golpistas.
Ophir Cavalcante, presidente nacional da OAB, foi acusado de receber R$ 20 mil reais mensais sem trabalhar do Estado do Pará. A denúncia foi feita por dois advogados paraenses em meio a uma crise que envolve a entidade e a sua seccional. Eles afirmam que, em 13 anos de licença remunerada, Ophir abocanhou R$ 1,5 milhão dos cofres públicos e exigem a devolução dos recursos.
Entidade vira alvo dos protestosO presidente da OAB retrucou as acusações. Alegou que os vencimentos recebidos por ele estão dentro da lei. Mas parece que alguns dos organizadores da “marcha contra corrupção” não concordam com a sua desculpa. Receber sem trabalhar pode até ser legal, mas é imoral – afirmam. Segundo o sítio Brasil 247, eles pretendem utilizar o protesto para criticar Ophir Cavalcante:
“Os manifestantes vão estender o coro das cobranças e críticas à instituição que mais se posiciona em debates sobre a ética e que tem apoiado, inclusive, as marchas contra a corrupção. A Ordem dos Advogados do Brasil vai ser o novo alvo dos protestos, depois de revelado que o atual presidente da entidade recebe gordo salário há 13 anos como procurador federal sem trabalhar”.
O Brasil está de olho na OAB“Se tiver corrupção dentro do movimento contra a corrupção, a gente vai buscar e acabar com isso”, garante Carla Zambelli, uma das fundadoras do movimento Nas Ruas, que organiza o ato de São Paulo. “Todas as denúncias têm que vir à tona. Temos que cortar o mal pela raiz”, afirma Cristina Maza, da entidade Todos Juntos Contra a Corrupção, que organiza a marcha no Rio de Janeiro.
No sítio Observatório da Corrupção, criado pela OAB, Ophir Cavalcante afirma que o observatório “será um instrumento para que a sociedade exerça seu insistente interesse no rápido julgamento de casos de corrupção, acompanhando os andamentos e pleiteando os julgamentos em todas as instâncias. A Ordem dos Advogados está de olho no Brasil”.
Mas, como acertadamente ironiza o sítio Brasil 247, “o Brasil é que está de olho na Ordem dos Advogados, Ophir”.
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