A jornalista Sandra Coutinho, correspondente da GloboNews nos EUA, não vive bons momentos. Na semana passada, ela foi multada por ultrapassar um sinal com a sua bicicleta. Já nesta terça-feira (30), ela passou o maior vexame em plena Casa Branca ao replicar o complexo de vira-lata de seus patrões - os três filhos de Roberto Marinho, que não têm nome próprio, segundo o blogueiro Paulo Henrique Amorim. Diante dos holofotes do mundo inteiro, a repórter tentou emparedar a presidenta Dilma: "O Brasil se vê como ator global e liderança no cenário mundial, mas os EUA nos veem como potência regional. Como você concilia essas duas visões?", indagou. De imediato, o presidente Barack Obama tomou a palavra e deu um chega para lá na correspondente colonizada da Rede Globo:
"Responderei em parte a pergunta que você acabou de fazer à presidenta. Não enxergamos o Brasil como uma potência regional, mas como uma potência global. Se você pensar no G-20 [grupo das nações mais ricas do mundo], o Brasil é uma voz importante ali. As negociações que vão acontecer em Paris, sobre mudanças climáticas, só podem ter sucesso com o Brasil como líder-chave. Os anúncios feitos hoje sobre energia renovável são indicativos da liderança do Brasil". Barack Obama ainda fez questão de realçar que "o Brasil é um parceiro indispensável", o que deve ter irritado os apátridas que nutrem um doentio complexo de vira-latas.
Sobre a cena hilária na Casa Branca, vale conferir o excelente artigo de Paulo Nogueira no blog
Diário do Centro do Mundo:
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O que explica o vexame internacional da Globo na coletiva de Dilma e Obama
Por Paulo Nogueira
A miséria jornalística e mental das Organizações Globo foi brutalmente exposta ao mundo ontem, na entrevista coletiva concedida por Obama e Dilma sobre o encontro de ambos.
A jornalista Sandra Coutinho da Globo fez uma pergunta que, jornalisticamente, é a quintessência da obtusidade.
Aqui, o vídeo.
Presumivelmente, o real autor da questão foi Ali Kamel, diretor de jornalismo da emissora e célebre por um livro em que declara, triunfal: “Não somos racistas”. Uma ex-apresentadora disse que todas as perguntas relevantes na Globo são obra de Kamel.
O primeiro erro técnico foi atribuir a Obama, na pergunta, uma opinião que é da Globo, mas não dele.
Ela afirmou que os Estados Unidos veem o Brasil como uma potência regional, e não mundial.
De onde ela tirou isso, ou Kamel?
O Brasil é a sétima economia mundial, queira a Globo ou não. E nos últimos anos, sobretudo com a ascensão de Lula, ganhou ressonância mundial.
A Globo jamais iniciaria a pergunta daquela forma se o presidente fosse FHC ou Aécio.
E um bom jornalista nunca colocaria uma opinião dele mesmo na boca de qualquer pessoa.
Pesquise: quando Obama, ou alguma outra autoridade do governo americano, disse algo parecido?
Foi tão boçal a voz da Globo na coletiva que Obama, embora a pergunta não fosse para ele, tomou o microfone.
Sandra Kamel, chamemos assim, não se limitou a uma asneira numa só pergunta. Também conseguiu incluir nela a crise econômica e política do Brasil como se isso fosse realmente uma coisa incomum num mundo cor de rosa.
Ora, os próprios Estados Unidos desde 2008 estão atolados em dificuldades econômicas.
Obama pareceu saber mais sobre o Brasil que a Globo. Notou que problemas no Congresso estão longe de ser exclusividade do governo Dilma.
Ele próprio enfrenta um Congresso extraordinariamente hostil desde que chegou à Casa Branca. Foi épica sua luta para aprovar o projeto de saúde que lhe era tão caro, o Obamacare.
Sinal da realidade paralela vivida pela Globo e seus jornalistas, Sandra Coutinho festejou sua intervenção patética no Twitter.
“Muita emoção conseguir fazer uma das quatro perguntas da coletiva de Dilma e Obama!”, escreveu.
Fora tudo, Sandra não fez qualquer esforço. Como mostra o vídeo da entrevista, a palavra lhe foi dada por Dilma, num gesto que mostra a característica subserviência de governos brasileiros, petistas ou não, à Globo.
As palavras mentecaptas de Sandra Coutinho registraram, mundialmente, não apenas o que a Globo pensa sobre o Brasil.
Mais que tudo, elas captaram, ao vivo, a indigência jornalística e intelectual da emissora.
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