Obrigada!
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Obrigada!


Mme Forfait. E olhe que eu gostei dela...

Hoje fui encontrar a tal da Mme Cler pra que ela me levasse até o local da minha primeira faxina como contratada da empresa dela. Longe pra caralho, fora de Lyon, num condominio enorme, com muitas arvores e crianças branquelas brincando nos parques.

A casa era de Mme Forfait. De cara ela ja me pareceu otima! Ela ta gravida e, pelo tamanho da barriga, acho que é de 17 meses: os peitos dela tinham o mesmo tamanho da barriga. Mme Cler perguntou pra quando era o filho e eu achei que ela fosse dizer "agora, segura!". Sério, não sei como aquela mulher respira, coitada, soh dava pra ver as pernas e a cabeça dela, o resto do corpo era soh barriga. E ainda, dentro das primeiras impressões, pelo estado da casa, achei que eles tivessem acabado de se mudar. O apartamento era muito pequeno e tinha bagunça por todo lado. Ela tem mais dois filhos pequenos e, no estado em que se encontra, vocês imaginam como deve ser manter uma casa limpa. Coitada, de novo.

Lavei os banheiros, o quarto dos guris, fui pra sala, aspirei o tapete e, pra executar melhor essa tarefa, coloquei as cadeiras em cima da mesa, os vasos de flores, as velas etc. Quando o chão ja se encontrava lindo e limpo, sai recolocando os objetos em seus devidos lugares. E agora, cena espetacular: três cadeiras em cima da mesa e um vaso. Dessas três cadeiras, fui inventar de tirar justamente aquela que servia de apoio pra uma outra. Quando retirei a tal cadeira, a outra perdeu o apoio e foi caindo em cima da mesa. Meus olhos seguiram a queda até se encontrarem com o vaso de flores que estava bem abaixo da cadeira que estava caindo, caindo... Eu soh tive tempo de fazer... nada. Em um segundo a cadeira caiu, o vaso explodiu, molhou a sala TODA e jogou caquinhos de vidro transparente pela casa que é habitada por duas crianças abaixo dos cinco anos. Que beleza! Pra completar, nesse exato segundo, Mme Forfait entra na casa (ela tinha saido). "Ah, o vaso quebrou". E eu, nadando na agua das flores,"mi mi mi, Mme Forfait, pardon, mi mi..." Ela disse que tava tudo bem, que esse vaso valia uns 5€, "mas cuidado pra não se cortar". Achei ela muito massa mesmo. Trinta segundos depois disso, ela perguntou se eu poderia vir proxima semana!

Ela me deixou novamente sozinha na casa e disse pra eu trancar bem tudo quando saisse. Assim o fiz, carregando prédio abaixo o lixo. Soh que eu não encontrei a lixeira do prédio e sai feito uma lesa pelas ruas com um saco preto de lixo na mão. Depois, procurei a parada de ônibus e, como não achei, perguntei a um cara o caminho. Ele perguntou a direção que eu queria ir, depois explicou onde ficava a parada de ônibus e eu agradeci, abestalhadamente feliz por ter feito minha PRIMEIRA pergunta na França a um desconhecido. Tcham ram! Eh incrivel como essas babaquices me deixam feliz. Peguei ainda um metrô, depois resgatei minha bicicleta que eu havia deixado na estação e cheguei em casa exatamente uma hora depois de ter deixado o apartamento de Mme Forget.

Acho curioso como essa semana se transformou em tantas coisas pra mim. Comecei bebendo feliz com Camilo, comemorando. No dia seguinte, passei a tarde chorando e ciscando, preocupada, tive insônia. Aih fiquei feliz por ter conseguido um contrato que, pensando bem, eu não queria. No segundo seguinte, me fizeram acreditar que era bom e eu fui. E depois de tanto vai e vem, acho que posso dizer que tou aliviada e satisfeita pelas oportunidades de sofrimento não-gratuito que essa semana me proporcionou. Por estar sempre com Camilo, nunca pergunto nada a ninguém, nunca faço um telefonema sozinha, não ando de ônibus, não compro bilhetes de metrô, nem pego metrô! De qualquer forma, espero que essa seja a unica viagem traumatizante, pra mim, que ele faz.

Ah, queria agradecer pelos recados de estimulo deixados aqui. Com a viagem de Camilo, eu tou me sentindo mais sozinha do que nunca. E eu fiquei bem feliz de ver gente que nem me conhece, que nunca me viu na vida, me colocando pra cima. A idéia inicial desse blog era permitir uma conexão entre mim e os amigos que deixei, mas agora eu me sinto mais estimulada a escrever pras pessoas que nunca vi na vida (graças à Amanda, essa situação estah prestes a mudar), ja que meus ilustres amigos nunca dão as caras (nem por aqui, nem por e-mail), com a exceção rarissima de poucos, me fazendo achar que eu tou falando sozinha. Blogueiro adora comentario, mas eu agora tenho um motivo maior pra apreciar os recados de vocês: companhia. Obrigada!




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